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Sob pressão, Saúde anuncia a multiplicação das vacinas – Estado de Minas

Imunizante é aplicado em paciente na Rússia, mas ainda precisa de autorização no Brasil (foto: Kiril Kudryavtsev/AFP/Estadão Conteúdo - 5/12/20)
Imunizante é aplicado em paciente na Rússia, mas ainda precisa de autorização no Brasil (foto: Kiril Kudryavtsev/AFP/Estadão Conteúdo – 5/12/20)
Pressionado pela semana mais letal da COVID-19 desde o início da pandemia, com 12.335 mortes entre o dia 6 e ontem, o Ministério da Saúde assinou ontem, contrato para compra de 10 milhões de doses da SputiniK V, vacina contra a COVID-19 desenvolvida pelo Instituto Gamaleya, da Rússia, e distribuída no Brasil pela União Química. Segundo o ministério, a ideia é receber 400 mil doses até o fim de abril, 2 milhões no fim de maio e 7,6 milhões em junho. A pasta afirma que só fará o pagamento pelas doses após a vacina receber autorização emergencial de uso ou registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
A autorização para a compra da vacina já havia sido publicada em 20 de fevereiro e houve empenho (ato que antecede o pagamento) de R$ 693,6 milhões. Cada dose custou cerca de US$ 12. Ontem pela manhã, a Anvisa informou que ainda aguarda dados de segurança e eficácia da vacina, além do pedido da União Química para começar a análise de uso da Sputnik V. A eficácia do imunizante é de 91,6%, segundo dados publicados na revista científica The Lancet.
Também ontem o Ministério da Saúde anunciou que o governo federal negocia a compra de 168 milhões de novas doses de vacina contra a COVID-19. Neste total estão tratativas para a aquisição das vacinas da Pfizer, da Janssen e da Moderna. No caso da vacina da Pfizer, foi publicada uma dispensa de licitação para a obtenção de 100 milhões de doses. Com a Janssen o mesmo recurso foi adotado, mas para um lote de 38 milhões de doses. O Ministério da Saúde espera adquirir 30 milhões de doses com a Moderna, mas ainda espera proposta da farmacêutica.
O Executivo Federal também negocia mais 30 milhões de doses da vacina Coronavac, produzida pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica Sinovac, e de 110 milhões da vacina Oxford/AstraZeneca, produzida em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz. Até o momento, o governo federal contratou 284,9 milhões de doses. Neste total entram as 112,4 milhões da Oxford/AstraZeneca, 100 milhões da Coronavac, 10 milhões da Sputnik V do Instituto Gamaleya em parceria com a União Química, 20 milhões da Covaxin e 42,5 milhões do consórcio Covax Facility
O balanço foi apresentado em entrevista coletiva virtual de secretários do Ministério da Saúde em Brasília. Até o momento foram distribuídas 20,1 milhões de doses, sendo 16,1 milhões da Coronavac e 4 milhões da Oxford/AstraZeneca, das quais foram aplicados 10,7 milhões. O secretário-executivo da pasta, Élcio Franco, disse que a expectativa do ministério é vacinar 170 milhões de pessoas ainda neste ano. Nesta soma não entram públicos que não participaram de estudos clínicos, como crianças.
Sobre a compra de vacinas por estados e municípios, Franco afirmou que o ministério vai discutir o assunto com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e com o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) para avaliar se o ministério comprará lotes ou se haverá um desconto da quantidade que seria repassada pelo Executivo.

Pior semana 

No terceiro dia consecutivo com mais de 2 mil óbitos, o Brasil registrou 2.216 mortes por COVID-19 nas últimas 24 horas. Os dados são do Ministério da Saúde. Com isso, o número de casos registrados em uma semana superou a marca alcançada entre os dias 28/2 e 5/3, quando 8.545 óbitos foram registrados. A média móvel de mortes aumentou para 1.762. Esse é o 17º dia de recorde seguido. No total, o Brasil chegou a 275.105 mortes devido à pandemia do novo coronavírus.
Ainda de acordo com os dados, de quinta-feira para ontem, foram confirmados 85.663 novos casos de COVID-19 em todo o país. Essa é a segunda marca mais alta, em toda a pandemia. A maior foi computada em 7 de janeiro (87.843). São 51 dias óbitos acima de mil, o mais longo período em toda a pandemia. Segundo o governo Federal, 10.000.980 pessoas já se recuperaram da doença, enquanto outras 1.087.295 permanecem em acompanhamento. O Sudeste registrou o maior número de casos (29.542) ontem, e 891 óbitos ocorreram na região. O Sul do país aparece em seguida, com 22.334 casos e 492 vítimas.
Com a pandemia avançando e várias capitais e estados próximos do colapso no sistema de saúde, é grande o lobby político pelas vacinas russas. Governadores do Consórcio do Nordeste também negociam a compra do imunizante. Segundo o governador do Piauí, Wellington Dias (PT), Pazuello se comprometeu a fazer a compra de mais 39 milhões de doses da Sputnik V, o que acabaria com a necessidade de compra pelo consórcio. O Ministério da Saúde não confirmou ainda esta nova aquisição.

Estudo 

De acordo com Boletim realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e divulgado ontem, o Brasil responde por 9,5% dos casos registrados no mundo e 10,3% do número de óbitos global — o relatório indica que o resultado seria o mesmo “ainda que a população brasileira corresponda a menos de 3% da população mundial”. O Boletim informou, ainda, que, no último período analisado pela Fundação, apenas o estado do Pará reduziu a ocupação de leitos de UTI.
“Somente o Pará apresentou melhora para saída da zona de alerta crítico e retorno à zona de alerta intermediário. Dezessete estados e o Distrito Federal mantiveram taxas iguais ou superiores a 80%, e mais dois estados se somaram a eles, resultando em um total de 20 unidades federativas na zona de alerta crítico, das quais 13 com taxas superiores a 90%. Seis estados que se mantiveram na zona de alerta intermediária (60% e menor do que 80,0%) apresentaram crescimento do indicador”, apontou o documento.
Pesquisadores observam que o Brasil nunca alcançou uma redução significativa na curva de transmissão. Segundo os dados coletados pela Fiocruz, há uma progressão clara de novos casos e óbitos a cada dia, o que empurra os sistemas de saúde dos estados e municípios em direção ao colapso. “O melhor que podemos fazer é esperar pelo milagre da vacinação em massa ou uma mudança radical no manejo da pandemia”, comentou o epidemiologista da Fiocruz/Amazônia, Jesem Orellana.

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