O fundo eleitoral de 2022, ano de campanha presidencial, deverá ter até R$ 5,7 bilhões oriundos do Tesouro Nacional, segundo o que foi aprovado no projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO), pelo Congresso Nacional, nesta quinta-feira (16). A medida foi amplamente criticada e uma tentativa de suprimi-la foi derrubada ainda na Câmara. Após a repercussão negativa, alguns deputados que orientaram a favor da LDO, mas contra os recursos para o fundão, foram às redes sociais para explicar seus votos.
Na Câmara, o placar pela aprovação da LDO fechou em 278 votos favoráveis e 145 contrários. Já no Senado, a matéria passou por 40 votos a 33. A lei define prioridades e metas para os gastos do governo no próximo ano. O texto foi para sanção presidencial.
O fundão aprovado no PLDO amplia de R$ 2 bilhões (valor repassado nas últimas eleições, em 2020) para até R$ 5,7 bilhões o total de verbas destinadas ao Fundo Especial de Financiamento de Campanha.
Relator da proposta, o deputado Juscelino Filho (DEM-MA) alegou que o aumento é um “aperfeiçoamento” dos parâmetros do fundo e tem papel fundamental no “exercício da democracia dos partidos”. Sem entrar em detalhes, o parlamentar afirmou, ainda, ter adotado “parâmetros macroeconômicos conservadores” no texto da LDO, “tendo em vista a expectativa de reaquecimento econômico em 2022”. Uma variação positiva do PIB, segundo o parlamentar, deve fazer com que o Executivo encaminhe um PLN para rever os agregados macroeconômicos e as previsões de resultados fiscais.
Uma emenda apresentada pelos partidos Novo e Podemos tentou suprimir o inciso 27 do artigo 12, que trata dos recursos para o fundo eleitoral. “Somos contra o uso do dinheiro público para financiamento de campanhas. Na nossa opinião, dinheiro público tem que ser utilizado para saúde, segurança e educação. Não faz nenhum sentido, na nossa visão, todos os cidadãos brasileiros financiarem partidos políticos e financiarem campanhas”, disse a deputada Adriana Ventura (Novo-SP). “Votamos contra a LDO com dor no coração, mas nós não podemos ser conivente com coisas que estão lá e discordamos”.
A emenda, porém, foi rejeitada e, portanto, o destaque não foi à votação no Senado. Por decisão do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), a votação foi em caráter simbólico, impedindo que cada deputado votasse nominalmente sobre o tema.
Base governista justifica voto a favor da LDO com fundão bilionário
A votação em caráter simbólico, que impediu que os deputados registrassem publicamente os votos, gerou “confusão” nas redes e alguns parlamentares tiveram de “se explicar” contra críticas de que eles terem orientado a favor do “fundão”.
A base governista explicou o voto favorável à proposta da LDO como um todo, afirmando que seria ““irresponsabilidade” não aprová-la e deixar o país sem Orçamento. “Quem não tem ligação com o governo pode se dar ao luxo de querer estourar o país, nós da base não podemos”, escreveu a deputada Carla Zambelli (PSL-SP) no Twitter.
A aprovação da LDO garante definição para as metas e prioridades da administração pública federal, estabelece diretrizes de política fiscal e respectivas metas. É responsável por orientar a elaboração da lei orçamentária anual e dispõe sobre as alterações na legislação tributária, por exemplo.
Apesar do voto favorável à LDO, Carla explica que orientou a favor do destaque do Novo, que retirava as verbas para o fundo eleitoral do texto. “O destaque do NOVO foi rejeitado APÓS a votação do texto principal. Sempre fui contra dinheiro público em campanha, e assim continuarei sendo”, escreveu a parlamentar.
Durante a sessão plenária, os deputados poderiam ter articulado a votação nominal, mas, a despeito dos parlamentares do Novo, outros não se manifestaram.
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Quem votou contra o fundo eleitoral de R$ 5,7 bilhões
Em votações de caráter simbólico, é comum que os parlamentares, após as deliberações, registrem o voto por escrito no site do Congresso. Até a publicação deste conteúdo, ao menos 52 dos 513 deputados registraram o voto. Veja, abaixo, por ordem alfabética, os deputados que votaram em favor da emenda do Novo, ou seja, contra as verbas para o “fundão”:
- Deputado Alan Rick (DEM-AC)
- Deputada Alê Silva (PSL/MG)
- Deputada Aline Sleutjes (PSL/PR)
- Deputada Bia Kicis (PSL/DF)
- Deputado Bibo Nunes (PSL-RS)
- Deputado Capitão Wagner (PROS/CE)
- Deputada Carla Zambelli (PSL-SP)
- Deputada Chris Tonietto (PSL/RJ)
- Deputado Coronel Armando (PSL/SC)
- Deputado Coronel Chrisóstomo (PSL/RO)
- Deputado Daniel Freitas (PSL/SC)
- Deputado Daniel Trzeciak (PSDB/RS)
- Delegado Marcelo Freitas (PSL/MG)
- Deputado Delegado Waldir (PSL/GO)
- Deputado DR. Zacharias Calil (DEM/GO)
- Deputado Eduardo Bolsonaro (PSL/SP)
- Deputado Eduardo Cury (PSDB/SP)
- Deputado Fabio Schiochet (PSL/SC)
- Deputado Felício Laterça (PSL/RJ)
- Deputado Filipe Barros (PSL-PR)
- Deputado General Girão (PSL/RN)
- Deputado General Peternelli (PSL/SP)
- Deputado Guiga Peixoto (PSL-SP)
- Deputado Heitor Freire (PSL/CE)
- Deputado Hélio Costa Republicanos (SC)
- Deputada Joice Hasselmann (PSL/SP)
- Deputado Junio Amaral (PSL/MG)
- Deputado Léo Moraes (Podemos/RO)
- Deputado Léo Motta (PSL/MG)
- Deputado Lucas Redecker (PSDB/RS)
- Deputado Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PSL/SP)
- Deputada Major Fabiana (PSL/RJ)
- Deputada Mara Rocha (PSDB/AC)
- Deputado Marcelo Álvaro Antônio (PSL/MG)
- Deputada Marcelo Brum (PSL/RS)
- Deputado Marcelo Calero (Cidadania/RJ)
- Deputado Mário Negromonte Jr. (PP/BA)
- Deputado Mauro Nazif (PSB/RO)
- Deputado Nelson Barbudo (PSL/ MT)
- Deputado Nicoletti (PSL/RR)
- Deputada Paula Belmonte (Cidadania/DF)
- Deputado Paulo Bengston (PTB/PA)
- Deputado Paulo Eduardo Martins (PSC/PR)
- Deputado Professor Joziel (PSL/RJ)
- Deputado Rafafá (PSDB-PE)
- Deputado Samuel Moreira (PSDB/SP)
- Deputado Ubiratan Sanderson (PSL/RS)
- Deputado Sanderson (PSL/DF)
- Deputada Dra. Soraya Manato (PSL/UF)
- Deputado Vanderlei Macris (PSDB/SP)
- Deputado Vitor Hugo (PSL/GO)