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Procuradores reclamam de celular funcional e chamam iPhone SE de ‘esmola’

Uma escolha feita pela Procuradoria-Geral da República (PGR) para a comunicação entre membros do Ministério Público Federal (MPF) não foi bem aceita. Em reportagem publicada nesta segunda-feira, 1º de março, o jornal Folha de S.Paulo revela que o modelo escolhido para servir de celular funcional tem recebido crítica entre procuradores. “Esmola” foi um dos termos usados por alguns descontentes.

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A “esmola” mencionada por procuradores é o iPhone SE. Fabricado pela Apple, o smartphone está no mercado desde 2016. Pela internet, é possível encontrar opções de venda de um aparelho novo na faixa de R$ 2,5 mil. Procuradores da República ganham salários de 33,6 mil — além de contar com benefícios como abono (que pode chegar até R$ 29,9 mil), gratificação por acúmulo de ofício (de até R$ 7,5 mil) e auxílio-alimentação (no valor de R$ 910).

O salário e os benefícios mensais não serão alterados negativamente com o recebimento do iPhone SE. Tudo fica na conta dos brasileiros pagadores de impostos. Pelo acordo celebrado pela PGR junto à Claro no fim do ano passado, 1.200 procuradores e outros 650 servidores comissionados do MPF vão receber um smartphone cada um, com pacote de custo mensal avaliado em R$ 219,90. Após o tempo de contrato, os equipamentos devem ser devolvidos.

Apesar de reclamações e da definição de “esmola”, a PGR mantém o acordo ativo. E elogiou o aparelho produzido pela Apple. “Trata-se de um modelo intermediário, que atende às necessidades a custo adequado para a administração, possui sistema operacional reconhecidamente mais seguro, há uma cultura de uso na instituição e tem compatibilidade com outro equipamento [iPad] fornecido pelo MPF”, informa o órgão. Além do celular funcional, procuradores já contam com notebook e tablet fornecidos pelo Ministério Público.

As reclamações sobre o iPhone SE

Ao menos três procuradores criticaram a escolha do iPhone SE para servir de celular funcional aos membros do MPF. Obtidas pela equipe de reportagem da Folha de S.Paulo, as reclamações foram feitas em plataforma de comunicação para uso interno de integrantes do MPF. Confira, abaixo, algumas dessas mensagens.

  • Marco Tulio Lustosa Caminha — procurador no Piauí; de acordo com a Folha, ele recebeu mais de R$ 100 mil em janeiro

“Depois de mais de três anos com um iPhone 7, já ultrapassado, processador lento, bateria ruim, tela pequena, vamos aceitar por mais outros 30 meses um iPhone SE?? Acho que ninguém aqui é moleque.”

“Isso é um insulto! Não quero esmola! Acho que ninguém aqui quer esmola! Estamos há quase um ano trabalhando de casa, celular, notebook, internet, energia. Que bagunça é essa? Estão querendo nos humilhar? Não aceito humilhação.”

  • Ana Paula Ribeiro Rodrigues — procuradora no Rio de Janeiro

“Em alguns casos, a opção não aceitar a esmola não se coloca […]. Essas notícias chegam nessa situação de penúria, em que a gente fica desesperado atrás de acumulações para poder complementar o salário. Isso para os ‘privilegiados’ que conseguem chances de acumular.”

  • José Leão Junior — procurador em São Paulo; em janeiro de 2021 recebeu mais de R$ 14 mil somente a título de abono

“Existem estudos a mostrar que, quanto mais alguém é maltratado, vilipendiado ou seviciado em relação a um trabalho ou afazer, mais tal pessoa agarrar-se-á a seus escrúpulos para desempenhar com mais desvelo ou elevação tal afazer, de modo a não deixar entrar em colapso (ou processo de dissolução) certa faceta — que lhe é cara — do self.”

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