quinta-feira, março 28Notícias Importantes
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Por Que Necessitamos Ouvir Sermões que Não se Aplicam Diretamente a Nós

Como devemos ouvir um sermão que não se aplica a nós? Como podemos nos beneficiar de uma palestra sobre a ansiedade se não estamos ansiosos, sobre o casamento se somos solteiros, ou sobre a depressão se não estamos abatidos? Estou pregando sobre 1 Pedro, e me deparando com algumas passagens com públicos-alvo específicos — tal como esposas cristãs, muitas com maridos não-cristãos (1 Pe 3.1—6) — todos estes tópicos vitais para cristãos naquelas situações.

Mas será que todos os membros de nossas igrejas podem se beneficiar destas passagens? Será que vale a pena tentar?

A pregação expositiva nos força a nos engajarmos com cada passagem que aparece no fluxo de determinado livro bíblico. Talvez seja dirigida a escravos do século I. Talvez seja sobre pais ou mães. Ou pode até ser para aqueles ativamente perseguidos por causa de sua fé.

Presumo que os pastores não devem pular estas passagens e os ouvintes não devem ignorá-las. Mas haveria razões específicas pelas quais devemos ouvir e aprender, mesmo quando sentimos que não somos o público-alvo pretendido? Sim. E aqui estão seis boas razões.

1. Cada passagem faz parte do ecossistema da verdade.

Cada passagem das Escrituras faz parte de um ecossistema mais amplo da verdade. Cada uma está relacionada com todas as outras passagens, quer as conexões estejam bem na superfície ou sejam sutis e subterrâneas.

As Escrituras fornecem a única estrutura infalível para a vida, a única visão de mundo com uma lente com autoridade para ver o mundo com precisão. Mas se ignorarmos ou minimizarmos certas partes, distorceremos o restante.

Portanto, quer estejamos lendo um manual sacerdotal chamado Levítico, ou notas de amor entre um rei e sua noiva, ou os confrontos e o conforto de um profeta, ou as duas cartas pastorais de Paulo para seu discípulo de ministério, Timóteo, Deus está usando sua Palavra para nos imergir em seu ecossistema de verdade — independentemente da nossa situação pessoal .

2. Cada passagem nos ajuda a entender o evangelho.

A Bíblia culmina com as boas novas de que Deus entrou na história humana em Cristo, cumprindo as promessas que fez a Adão e Eva, a Abraão e Israel, a Davi e aos profetas.

Mas estas boas novas sāo antecipadas, explicadas, simbolizadas, aplicadas e difundidas através de uma vasta diversidade de gêneros e verdades bíblicas. Por exemplo, em um salmo real lamentando calúnia política, temos uma antecipação daquilo que Cristo sofreria (Sl 41); por meio das instruções específicas de Deus aos maridos, aprendemos sobre o relacionamento de Cristo com sua igreja (Ef 5.22 -33); por meio de instruções sobre como a igreja deve cuidar das viúvas, obtemos um vislumbre da nova família de Deus criada pelo Espírito (1Tm 5.3—16).

Em outras palavras, pelo fato de que toda a Escritura ou prefigura a Cristo, ou aponta para Cristo ou estende seu reino sobre alguma area da vida, cada passagem (corretamente compreendida) ajuda a explicar o evangelho.

3. Cada passagem reflete princípios perenes para nossas vidas.

Embora as Escrituras tenham sido escritas em uma época, os princípios são perenes. Às vezes, a ponte entre o tempo e a cultura é concreta; outras vezes, sentimos que estamos olhando para uma ilha sem uma ponte que possa trazer relevância contemporânea.

Mas quanto melhor aprendermos a progressão da revelação bíblica, melhor entenderemos como cada texto reflete a verdade perene sobre Deus, sobre o mundo, sobre a condição humana e sobre a redenção que está mesmo agora, sendo consumada por meio de Cristo.

4. Todo discípulo é responsável por encorajar os outros.

Em Romanos 15.14, Paulo diz aos cristãos romanos: “E certo estou, meus irmãos, sim, eu mesmo, a vosso respeito, de que estais possuídos de bondade, cheios de todo o conhecimento, aptos para vos admoestardes uns aos outros”.

Em Esios 4.15, ele ensina outra igreja que crescerão juntos “seguindo a verdade em amor”. Apesar da acentuada diferença entre os leigos e o clero que continua a afligir nossas igrejas, cada cristão é chamado a ser sacerdócio santo de Deus (1Pe 2.5). Todos somos chamados para servir uns aos outros, falarmo-nos uns aos outros, encorajarmo-nos uns aos outros e até instruirmo-nos uns aos outros.

Quanto melhor conhecermos as Escrituras — todas as Escrituras, não apenas aquelas que obviamente se aplicam ao nosso gênero, vocação ou época de vida — mais bem equipados estaremos para ajudar nossos irmāos crentes a caminharem com Deus.

5. Cada cristão é chamado a representar a fé.

Os cristãos são embaixadores de Cristo. Vivemos entre as nações da Terra, mas nossa cidadania está no céu. Pertencemos a um reino diferente, e fomos comissionados pelo Cristo ressurreto para representar os ensinamentos e valores desse reino, bem como o caminho para a cidadania para qualquer um que queira fugir do reino das trevas e se refugiar no Rei da Luz.

Não somos chamados a representar somente a forma mais simples da mensagem do evangelho — que Jesus morreu por nossos pecados — mas todo o conjunto da verdade cristã. Quer o tema seja a criação ou a sexualidade, a imigração ou o entretenimento, o gênero ou governo, o trabalho ou o lazer, os cristãos e igrejas devem estar sempre se tornando embaixadores e embaixadas mais eficazes para Cristo e seu reino. Portanto, não importa o tópico que surja em nossa leitura bíblica, pequeno grupo ou sermão dominical, devemos abraça-lo com entusiasmo como um material de treinamento para nossa vocação final como embaixadores de Cristo.

6. Todo cristão passará por mudanças na vida.

As mudanças sāo uma constante na vida. Ficamos mais velhos, nossas situações mudam, nossos confortos mudam, nossos empregos mudam, nossos status mudam.

Pode ser que estejamos casados hoje mas que em uma década sejamos viúvos. Pode ser que hoje temos um chefe legal mas poderemos ter um chefe prepotente no mês que vem. Podemos sentir pouca necessidade de paciência nesta época de nossas vidas, mas amanhã os ventos podem mudar. Pode ser que trabalhemos em um ambiente cristão confortável, mas poderemos ser desafiados por perguntas de um cético em um voo de avião na semana que vem. Pode ser que uma passagem específica das Escrituras nāo se aplique a nós hoje, mas poderá se aplicar a nós no mês que vem ou no próximo ano. O aprendizado consistente da Palavra de Deus — em sua totalidade — nos prepara para as épocas de mudança bem antes de elas chegarem.

Ouçam com atenção

Quando Deus fala, o sábio presta atençāo. Não porque tudo o que ele escreveu nos parecerá imediatamente relevante, mas porque tudo o que ele diz é verdade, tudo o que ele diz é útil: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.” (2Tm 3.16-17).

Se queremos ser educados para a justiça, maduros e prontos para as boas obras que Deus preparou para que realizemos a cada dia, necessitamos aprender bem Sua Palavra — mesmo quando nos parecer que ele está falando com outra pessoa.

Traduzido por: Luiz Santana

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