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Polícia apura se advogados foram mortos por causa de disputa judicial envolvendo fazenda que custaria R$ 46 milhões

O motivo do assassinato de dois advogados em um escritório de Goiânia pode ser a disputa judicial por uma fazenda localizada em São Domingos, no nordeste de Goiás, segundo informou a Polícia Civil nesta quarta-feira (18). A TV Anhanguera apurou que a propriedade está avaliada em R$ 46 milhões. Ao todo, cinco pessoas são suspeitas de envolvimento no crime, cometido há quase 20 dias.

“[O motivo pode ser] uma ação milionária envolvendo terras do suspeito em que as vítimas advogavam contra. Ainda não conseguimos apurar se este processo teria sido concluído, mas sabemos que os advogados haviam tido algum tipo de êxito”, disse o delegado Rhaniel Almeida.

Segundo informações da TV Anhanguera, em 2000, a família do suspeito de ser o mandante do crime, Nei Castelli, de 58 anos, comprou terras no município de São Domingos e começou a fazer investimentos. Entretanto, uma outra família, do Paraná, se apresentou afirmando ser a verdadeira dona da propriedade, contratou os advogados Marcus Aprígio Chaves e Frank Alessandro Carvalhaes e entrou na Justiça.

A polícia suspeita que essa disputa judicial motivou Nei a mandar matar os advogados. A corporação apurou que, se não fossem presos depois dos homicídios, os autores do crime receberiam R$ 100 mil. Já se fossem encontrados e capturados pela polícia, o valor subiria para R$ 500 mil.

Advogado de defesa de Nei, Carlos Humberto Filho disse que foi acionado pela família do cliente e que aguardava liberação para acessar o inquérito e poder traçar uma estratégia de defesa.

Da esquerda para a direita, advogados Marcus Aprígio Chaves e Frank Alessandro Carvalhaes de Assis — Foto: Reprodução/OAB-GO
Da esquerda para a direita, advogados Marcus Aprígio Chaves e Frank Alessandro Carvalhaes de Assis — Foto: Reprodução/OAB-GO

Prisão do suposto mandante

A polícia prendeu o fazendeiro na terça-feira (17). O delegado informou que o fazendeiro morava em Correntina, na Bahia, e estava indo para o Paraná, quando foi preso em um posto de combustível na BR-050, em Catalão, no sudeste de Goiás. Com ele, a polícia encontrou R$ 34 mil em espécie.

O delegado informou que o fazendeiro não confessou o crime e disse que o dinheiro seria usado para compras. “A gente não consegue definir ainda se estava indo de forma eventual ou tinha descoberto que estava sendo monitorado”, afirmou o investigador.

Veja quem são os cinco suspeitos de envolvimento no crime:

  • Pedro Henrique Martins: suspeito de ter matado os advogados. Ele foi preso em Porto Nacional (TO), em 30 de outubro;
  • Jaberson Gomes: suspeito de marcar horário com os advogados e acompanhar Pedro Henrique no dia do crime. Ele foi morto em confronto com a PM de Tocantins em 30 de outubro;
  • Hélica Ribeiro Gomes: namorada de Pedro Henrique, presa em 9 de novembro, em Porto Nacional (TO). Suspeita de receber o dinheiro do mandante e passar para o namorado. Ainda é investigado se ela sabia do assassinato;
  • Cosme Lompa Tavares: suspeito de contratar os executores. Foi preso em 9 de novembro, em Palmas (TO);
  • Nei Castelli: fazendeiro suspeito de ser o mandante do crime. Ele foi preso em 17 de novembro, em Catalão.
Imagem mostra quando Pedro Henrique e Jaberson deixam o escritório de advocacia em Goiânia — Foto: Reprodução/TV Anhanguera
Imagem mostra quando Pedro Henrique e Jaberson deixam o escritório de advocacia em Goiânia — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

O crime aconteceu por volta das 14h30 de 28 de outubro. De acordo com a Polícia Civil, Pedro Henrique e Jaberson agendaram horário com os advogados.

Ao chegarem ao escritório, no Setor Aeroporto, eles entraram e esperaram atendimento. Ainda conforme o relato, a secretária os levou até a sala dos advogados, momento em que Pedro Henrique atirou.

De acordo com Rhaniel, poucas horas após o crime, a dupla fugiu para Anápolis, onde embarcou em um ônibus com destino a Palmas, no Tocantins, mas desceu em Porto Nacional, onde morava.

Polícia isola escritório em que dois advogados foram mortos a tiros, em Goiânia — Foto: Reprodução TV Anhanguera
Polícia isola escritório em que dois advogados foram mortos a tiros, em Goiânia — Foto: Reprodução TV Anhanguera

Obtida com exclusividade pela TV Anhanguera, a decisão que autorizou a Polícia Civil a realizar a prisão temporária de Cosme e Nei afirma que uma denúncia anônima relatou que Hélica Ribeiro Gomes já sabia que os advogados seriam mortos em Goiânia, o que ainda é apurado pela polícia.

Hélica é namorada de Pedro Henrique, preso na casa dela em Porto Nacional (TO), no dia 30 de outubro, e considerado um dos maiores matadores de aluguel daquele estado. No mesmo dia, Jaberson Gomes, morreu em confronto com a Polícia Militar do Tocantins. Segundo a polícia, ele foi quem ligou, agendou e monitorou a rotina dos advogados em Goiânia.

Dez dias depois, Hélica foi detida e, em depoimento, contou que as mortes foram encomendadas por Cosme Lompa Tavares, de 33 anos. Por esta razão, a polícia pediu a prisão de Cosme, preso em 9 de novembro.

Pedro Henrique Martins Soares foi o primeiro a ser preso por suspeita de assassinar advogados em Goiânia — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

Pedro Henrique Martins Soares foi o primeiro a ser preso por suspeita de assassinar advogados em Goiânia — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

Planos com o dinheiro

Com a promessa de receber até R$ 500 mil, os suspeitos faziam planos de reformar e até comprar imóveis, segundo informou a polícia nesta quarta-feira.

“Pedro Henrique já tinha comprado alguns materiais de construção e contratado um pedreiro para reformar a casa onde morava em Porto Nacional (TO). Já o Jaberson Gomes [morto durante confronto] estaria pesquisando casas na cidade para poder comprar”, disse o delegado Rhaniel Almeida.

Apesar dos gastos, o delegado informou que os suspeitos de cometer o crime foram presos antes do pagamento pelo assassinato. A polícia levantou que Pedro Henrique e Jaberson haviam recebido cerca de R$ 9 mil, mas era para custeio de hospedagem e alimentação em Goiânia, durante o período necessário para a execução do crime.

“No primeiro momento, o Pedro Henrique alegou que o crime se tratava de uma tentativa de roubo, ou seja, teria sido um latrocínio. A gente acredita que ele alegou isso até mesmo na expectativa de um dia receber todo o dinheiro prometido”, disso o delegado.

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