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Os barrados no baile da Fundação Palmares

A semana passada foi marcada pelo alvoroço causado pela divulgação dos nomes de 27 membros excluídos da Lista de Personalidades Negras da Fundação Palmares. A medida segue uma portaria da entidade vigente desde novembro/20, instituindo o critério de homenagens póstumas.

Luciano Huck, indignado, publicou nas redes sociais: “minha solidariedade a todos que sofreram perseguição ideológica e foram excluídos da lista de Personalidades Negras da Fundação Palmares. O brilho de vocês ninguém apaga. Esta onda negacionista está passando. Restará o esquecimento”.

Já o advogado Marivaldo Pereira ameaçou processar o Presidente da Fundação Palmares, Sergio Camargo: “não vai ficar assim! Vamos reverter essa decisão canalha na Justiça! O único nome que será esquecido será o dessa figura quando deixar a presidência da Palmares”.

O Senador Otto Alencar (PSD-BA) também manifestou indignação após a retirada do nome do Senador Paulo Paim (PT-RS) da lista. Enquanto o Senador Humberto Costa (PT-PE) solicitou a intervenção do Ministério Público Federal no caso.

Em outra ação, cujo autor não consegui localizar, a Justiça Federal da 1ª Região deu cinco dias para que o Presidente da Fundação Palmares explique a retirada de nomes.

A mesma patota de sempre, que reclamou do ato de Sergio Camargo, ficou bem calada ante os assédios sexuais do global Marcius Melhem…

foto Fundação Palmares

Todavia, quis ter certeza de que não havia injustiça nas exclusões e analisei os nomes retirados da lista e muitos sequer deveriam um dia terem constado do rol de homenageados. É o caso de Luislinda Valois, ex-ministra de Direitos Humanos e desembargadora aposentada que, impedida de acumular salário integral da função de ministra com a aposentadoria, o que daria R$ 61 mil, afirmou que trabalhar sem receber contrapartida “se assemelha a trabalho escravo” (o salário da senhora à época era de mais de R$ 30.000).

Marina Silva, Benedita da Silva, Jurema da Silva, Janete Pietá, Paulo Paim, todos têm em seu curriculum a ilustre passagem pelo PT (não localizei políticos de outros partidos). Os demais são artistas, escritores, pesquisadores e atletas, cujas carreiras costumeiramente são glorificadas após a morte. Ou alguém conhece alguma praça Martinho da Vila, avenida Elza Soares ou rua Milton Nascimento?

Mussum. Foto wikipedia

Por outro lado, Sergio Camargo resgatou nomes importantes e os fez constar na lista da discórdia:  o comediante Mussum, a atriz Jacira de Almeida (a tia Anastácia do Sítio do Pica Pau Amarelo), o policial Luiz Paulo Costa Silva (o negão do BOPE, morto numa emboscada por traficantes em Cabo Frio), o cantor Wilson Simonal, o militar Marcílio Pinto (integrante da Força Expedicionária Brasileira e o único praça brasileiro a receber a medalha Silver Star  concedida pelo Comando Norte-Americano por ação distinta em combate), o atleta João do Pulo (ex-recordista mundial do salto triplo, medalhista olímpico e tetracampeão panamericano no triplo e no salto em distância) e os compositores Pixinguinha e Luiz Melodia, cujas obras são indiscutivelmente brilhantes.

Sergio Camargo já havia sido alvo de críticas quando excluiu da lista os nomes de Madame Satã e do guerrilheiro Carlos Marighella, aos quais se referiu como marginais (e a maior parte do povo brasileiro concorda), ambos mais conhecidos por seus crimes e assassinatos do que pela realização de algo em favor da comunidade negra.

Zilka Salaberry e Jacira Sampaio. Foto wikipedia

Os barrados no baile da Fundação Palmares foram suprimidos por justo motivo, afinal não é melhor esperar até o fim da vida da pessoa para homenageá-la, a ter ações revogatórias do título de Doutor Honoris Causa, como aconteceu com Lula nas Universidades de Alagoas e de Coimbra?

Bom domingo a todos!

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