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Opinião: Anvisa acertou em suspender análise da vacina chinesa

Agência reguladora seguiu protocolo para interrupção; politização da vacina é cilada para governantes

Anvisa

Coletiva de imprensa na Anvisa | Foto: Reprodução/Youtube/Anvisa

O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informe o motivo da decisão de interromper a análise da vacina chinesa contra a covid-19 do governo de São Paulo em 48 horas. É o tema do dia. Um voluntário que participou dos testes morreu — e segundo fontes oficiais que se manifestaram depois de a notícia ganhar a mídia, trata-se de suicídio, algo para lá de sensível e que não será abordado aqui.

É evidente que uma vacina real contra a peste do século interessa a qualquer cidadão do planeta. Só alguém com a cabeça fora do lugar seria contra algo cientificamente testado e aprovado. Também é fato que há politização demais de lado a lado sobre o assunto e que os governantes insistem em cruzar o meio-fio para escorregar em cascas de banana (leia-se: em microfones). Mas eis que a interrupção protocolar do estudo ante uma intercorrência trágica passou a ser noticiada como escândalo, um atentado contra a humanidade do governo Jair Bolsonaro. Opa! Vamos aos fatos.

Segue a explicação do presidente da Anvisa, o contra-almirante Antonio Barra Torres: “As informações foram consideradas incompletas, insuficientes para que se continuasse permitindo o procedimento vacinal (…) Quando temos eventos adversos não esperados, a sequência de eventos é uma só: interrupção dos estudos. A responsabilidade é nossa, de atestar a segurança de uma vacina e sua eficácia. Que outra decisão é possível diante de um evento adverso grave não esperado e com informações incompletas? O protocolo manda que seja feita a interrupção do teste”.

O que há de errado na decisão da Anvisa? A resposta é simples: tecnicamente, nada. Se confirmada que a morte do voluntário não tem a ver com o teste da vacina — o que nem os cientistas talvez tenham a resposta –, a análise será retomada, informaram as autoridades. Afinal, agências reguladoras devem seguir protocolos e não podem — nem devem — ter lado. Ou seja: a cartilha reza que se algo ocorreu fora das diretrizes, a suspensão do antídoto deve ser imediata — nada muito diferente do que um médico pratica. Até hoje não temos uma vacina contra a dengue, por exemplo, porque a fórmula francesa foi considerada arriscada há alguns anos depois do uso.

Tirar uma vacina da manga a toque de caixa é imprudente. E produzir vacinas, infelizmente, não é como produzir uma fornada de pães — a mais rápida até hoje, contra a caxumba, uma infecção viral aguda, levou quatro anos para ter a eficácia contemplada. Centenas de médicos têm dito isso diariamente pelo mundo, embora o mainstream queira a saída mais rápida possível da confusão que suas manchetes olímpicas causaram.

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Ao chegar ao meu condomínio, nesta terça-feira, 10, o porteiro falava sobre o assunto do dia com um morador. Ele não sabe ainda em quem vai votar para vereador no próximo domingo, muito menos tem ideia do que será a eleição de 2022. Mas disse ter convicção sobre a vacina chinesa que pode ser aplicada na esquina: “Eles nos prenderam em casa e querem achar logo um alvará de soltura”.

Leia em Oeste a reportagem de Paula Leal: A verdade sobre a CoronaVac

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