Ministra da Agricultura brasileira acredita que filipinos estejam usando situação para aumentar protecionismo com produtores de carne de aves locais
A ministra Tereza Cristina vê protecionismo em suspensão de compra de frangos brasileiros pelas Filipinas – Foto: Marcelo Casal Jr./Agência Brasil
O governo brasileiro acionará a Organização Mundial do Comércio (OMC) e o governo das Filipinas após o país ter barrado a importação do frango do Brasil.
A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, afirmou que as Filipinas já haviam demonstrado certo protecionismo com produtores de frango e que tomou a decisão sem ter provas de que houve contaminação.
“O Brasil vai reagir. Não podemos misturar uma situação comercial com uma notícia que não tem confirmação. Um assunto comercial não se mistura com a pandemia”, destacou a ministra.
Na quinta-feira, 13, o governo da cidade chinesa de Shenzhen informou que uma amostra de asas de frango congeladas importada do Brasil teve teste positivo para o coronavírus, mas não apresentou detalhes.
O ministério já enviou ao Itamaraty uma solicitação para que aborde a questão junto ao governo filipino e à OMC. Além disso, a embaixadora das Filipinas no Brasil terá de se explicar junto à pasta, o que, em linguagem diplomática, é visto como um constrangimento.
A avaliação no governo brasileiro é que os filipinos querem se aproveitar da pandemia para aumentar o protecionismo. Apesar de não representarem um destino importante para os produtos brasileiros, a reação do Brasil será forte para “estancar a sangria” e evitar que os filipinos sejam seguidos por outros países.
Junto à OMC, o Brasil deve ainda apresentar uma Preocupação Comercial Específica em relação ao caso, uma espécie de reclamação contra um país que não esteja cumprindo as regras de comércio da entidade.
“Já prevíamos o aumento do protecionismo, e espero que não [haja um efeito cascata]”, afirmou a ministra. “Só sei te dizer que, se as coisas forem pelo método científico, o Brasil está fazendo o seu trabalho”.
O governo brasileiro pediu informações às autoridades chinesas sobre os testes e resultados e espera receber as respostas no início da próxima semana. De acordo com Tereza Cristina, não houve nenhuma ação efetiva do governo asiático em relação ao frango brasileiro, nem a planta da qual partiu a amostra que estaria contaminada teve a importação suspensa.
“É muito precipitado. O Ministério da Agricultura só vai se pronunciar sobre o caso na hora que tiver informações oficiais”, completou.
Com informações do Estadão Conteúdo
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