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O vexame eleitoral brasileiro

País registra a mais lenta apuração em décadas, sofre com ataque hacker e aplicativo não funciona

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O presidente do TSE crê ser possível voto pelo celular em 2022, mas cidadãos não conseguiram sequer usar o e-Título nas eleições de 2020 | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

São 22 horas do domingo, 15, e o Brasil pode estar diante de sua mais vexatória eleição desde que as cédulas foram trocadas pelo moderno sistema de urnas eletrônicas. A apuração na maior cidade do Brasil registra 0,39% dos votos computados: ou seja, a maioria dos paulistanos que vai acordar cedo para trabalhar dormirá sem saber quem disputará o segundo turno ou se seu candidato a vereador foi eleito. A mesma coisa deve ocorrer no Rio de Janeiro. Dos quatro grandes colégios eleitorais, apenas em Belo Horizonte (com Alexandre Kalil, do PSD) e Salvador (Bruno Reis, do DEM), o jogo parece estar resolvido dada a vantagem dos que despontam. E o mesmo cenário ocorre em sabe-lá quantos dos milhares municípios — porque nem o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, sabe.

Barroso, aliás, teve de conceder duas entrevistas ao longo do dia para explicar que: 1) o tribunal sofreu ataque de um hacker do exterior; 2) o aplicativo lançado pelo tribunal para quem não conseguiu ou por medo da pandemia não votou não funcionou; 3) a Corte eleitoral sofreu outras tentativas de roubos de dados antes, mas ele não sabia precisar quando; e 4) a raiz de todo o problema neste domingo foi um problema num “supercomputador” que totaliza os dados regionais (pela primeira vez, o conteúdo foi centralizado em Brasília). Ou seja, sobre o item 4, é provável que se o TSE não tivesse decidido centralizar os dados, Santo André (SP), Vitória da Conquista (BA), Ouro Preto (MG), enfim, já conhecessem seus futuros prefeitos e vereadores.

“Tenho expectativa (que o resultado seja divulgado ainda hoje), mas não gostaria de me comprometer, é possível”, afirmou Barroso em sua segunda entrevista coletiva, por volta das 21 horas.

Resta aguardar ainda, além dos resultados, claro, o índice de abstenções, que tende a ultrapassar a média de 20% — em Florianópolis (SC), caso raro de uma capital cujo sistema funcionou perfeitamente, foi de um terço dos eleitores. Mas, diante de todas essas intercorrências, Barroso fez questão de lançar um anúncio alvissareiro no meio da tarde e produziu manchetes: em 2022, o cidadão vai conseguir votar usando seu próprio celular. Que Nossa Senhora das Cédulas nos proteja!

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