quinta-feira, abril 25Notícias Importantes
Shadow

O que é a Dedicação ou Apresentação de Crianças na Igreja?

A apresentação ou dedicação de crianças é uma prática comum em muitas igrejas cristãs, e ainda hoje alguns podem se perguntar se isso é algo que os pais devem fazer ou não na igreja local.

Mas antes de respondermos a essa pergunta, precisamos definir o que é a apresentação ou dedicação das crianças. A apresentação das crianças é uma resposta pública dos pais diante do compromisso ao que Deus já os chamou, onde eles expressam uma clara compreensão do seu papel de discipuladores de seu filho, com a ajuda do Espírito Santo, orando para que ele (ou ela) venha a conhecer, amar e seguir a Deus.

O que a Bíblia diz sobre a dedicação de crianças?

A apresentação de crianças não é uma ordenança bíblica. Ou seja, não há nenhuma passagem que obrigue os pais a fazê-lo. É por isso que anteriormente a defini como uma resposta ao desejo dos pais.

Dois casos foram comumente apresentados como base bíblica para esta cerimônia: quando Ana apresenta Samuel (1Sm 1.27-28), e quando José e Maria apresentam Jesus (Lc 2.22-24). No entanto, nenhum dos dois poderia ser considerado um sólido sustento para tal prática hoje.

No primeiro, Ana, mãe de Samuel, ora ao Senhor no meio da sua esterilidade, e jura que, se conceber, entregará seu filho ao serviço de Deus (1Sm 1.11; cp. Êx 22.29). Este exemplo não pode ser considerado normativo porque é uma situação especial que nasce do coração particular de uma mãe e que se encontra dentro de um contexto histórico, religioso e social muito específico.

O segundo caso, a apresentação de Jesus no templo, envolve aspectos legais do Antigo Testamento relacionados, primeiro, à impureza cerimonial da mãe que deu à luz (Lv 12:1-4). Também encontramos uma alusão a uma lei relativa à apresentação de crianças, neste caso, de Jesus. Porque ele era primogênito de sua mãe (Lc 2.7) e porque ele não pertencia à tribo de Levi, mas a de Judá, ele teve que ser isento do serviço do templo pagando cinco siclos de prata (Êx 13.1,2,11-15; Nm 3:11-13,41,44,45,47-51; 18.16). Portanto, este exemplo particular também não constitui uma base bíblica para a apresentação de crianças em nossos dias.

Embora não encontremos suporte bíblico normativo para essa prática, a Bíblia fala sobre nosso trabalho como pais na formação espiritual de nossos filhos. O salmista escreveu que as crianças são “como flechas na mão do guerreiro” (Sl 127.4). O que significa essa frase? Que os filhos de crentes piedosos têm o potencial de ser como flechas que são “disparadas” na sociedade para representar valores piedosos.

A dependência e a fidelidade ao Senhor são fundamentais no cumprimento do nosso trabalho dentro do lar, para a bênção das nações (Gn 12.3). Nesse sentido, a apresentação ou a dedicação de crianças deixa de ser vista simplesmente como uma cerimônia bonita ou interessante na igreja, para se tornar uma afirmação pública do compromisso dos pais com Deus. Assim, eles mostram o desejo de se tornarem discipuladores de seus filhos e ser exemplos de uma vida de fidelidade ao Senhor (Gn 6.9; 17.1-7; Js 24.15).

Como implementar a apresentação de crianças na igreja?

Se você é um pastor e quer implementar a apresentação ou dedicação de crianças em sua igreja local, eu gostaria de lhe dar algumas dicas que podem ajudá-lo a não cair no erro de realizar cerimônias superficiais e inconsequentes que não têm valor espiritual.

As famílias que desejam apresentar seus filhos devem ser membros da igreja local. O compromisso de orar, orientar, moldar e acompanhar pais e filhos que são apresentados só será possível em uma família que se identificou com a igreja local, compreendendo seu papel bíblico dentro dela. Por que é importante que ambos os pais estejam comprometidos com sua fé cristã? Porque na apresentação afirmamos um compromisso de duas maneiras: 1) Dos pais com Deus. 2) Dos pais com a igreja e vice-versa, vê-los como uma família extensa na fé, que têm o ministério para nos ajudar e acompanhar-nos na paternidade. Nada disso será uma realidade se a família que apresenta seu filho não for uma parte ativa e envolvida da igreja local.

Ofereça um breve estudo de preparação como um pré-requisito para a apresentação. Alguns podem ver esse passo como desnecessário ou muito complexo e tratar de reduzi-lo a uma reunião simples, onde se explique brevemente o que é a apresentação e o que os pais devem dizer quando estiverem na plataforma.

No entanto, entender o tamanho e a magnitude da responsabilidade parental (Sl 78:1-8) nos ajuda a reconhecer que um estudo de preparação como este é um passo indispensável para equipar famílias saudáveis, mesmo quando se trata de pais experientes. Não suponhamos que todas as famílias da igreja, e particularmente aqueles que querem apresentar seus filhos, entendem qual é o propósito da família e seu lugar dentro da missão de Deus. Finalmente…

É importante que em cada evento de apresentação ou dedicação a igreja se lembre e entenda a razão pela qual celebramos esta cerimônia. Ajude sua igreja a entender que esta cerimônia não é um compromisso exclusivo dos pais e filhos na plataforma, onde a igreja tem pouco ou nada a ver com isso. Também não é uma cerimônia e compromisso que acaba no final do culto dominical. O que celebramos em cada uma dessas apresentações ou dedicações é um lembrete de um compromisso eterno ao qual Deus nos chamou como pais e como igreja para velar por nossas crianças, guiando-as com o evangelho porque reconhecemos que elas pertencem ao Senhor e que afirmamos isso por meio desta cerimônia.

Por essa razão, os pais precisam recordar essa verdade do evangelho e da paternidade, para que sejam encorajados pela lembrança do seu papel e da sua função dentro da ampla família da fé à qual pertencem.

Conclusão

A dedicação ou apresentação das crianças não é um compromisso que os pais fazem por sua própria iniciativa, mas sim uma resposta à obrigação que Deus nos deu de ensinar o evangelho aos nossos filhos de geração em geração (Sl 78).

Através desta cerimônia, oramos e buscamos que os pais compreendam a importância da igreja local como comunidade de fé, acima de todas as outras atividades extracurriculares. Eles devem confirmar sua compreensão da importância de não negligenciar o casamento por causa do erro de priorizar os filhos, pois a relação dos cônjuges é um modelo da relação entre Cristo e sua igreja e testifica a nossos filhos a mensagem do evangelho.

Finalmente, através deste esforço buscamos afirmar a importância do lar como ministério de tempo integral dos pais. A reunião da igreja leva apenas duas ou três horas da nossa semana e serve como um importante reforço da nossa instrução e da dos nossos filhos, mas nunca devemos esquecer que o maior impacto e influência que as crianças receberão não vem do mundo ou da igreja, mas dos pais dentro do lar.

Se os reconhecemos como herança e recompensa de Deus, então trabalharemos com esforço e dedicação para apresentá-los ao Senhor não apenas em uma cerimônia, mas para torná-los discípulos fiéis que conhecerão e servirão a Deus pelo resto de suas vidas.

Traduzido por Lea Meirelles.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

× Como posso te ajudar?