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O cristão e a política, rudimentos. (ParteII)

O cristão e a política, rudimentos.

                

Em um texto anterior que escrevi para o blog, me debrucei um pouco sobre a relação entre a Igreja e o Estado, sobre o quanto esta relação é tensa e de como os reformadores a enxergaram, tratando dela à luz da Palavra de Deus. Tudo, é claro, muito brevemente e sem pretensão de convencer o leitor. O melhor caminho para se compreender qualquer coisa, de relações pessoais a economia, do trabalho a política, do lazer a família, é colocar todas as esferas que compõem a vida e a criação sob a perspectiva descortinadora da Palavra de Deus. Ela é a Verdade! Verdade normativa e fundamento de todo conhecimento. Sobre o que Deus disse deve se erguer o edifício da verdade, não apenas porque aí está contida a verdade, mas por ser a própria verdade! O Senhor Jesus disse em João 14:6: “…Eu sou o caminho, a verdade e a vida…”, uma afirmação tão categórica deve nos fazer refletir sobre a reivindicação da própria Bíblia de que ela é a verdade a partir das quais todas as outras derivam. Sim, ela é normativa e autoridade máxima sobre tudo e todos, reconhecer isso nos leva a assentir que Deus é absolutamente soberano e que seu senhorio se estende sobre toda ordem da criação e que é absolutamente irrevogável. 

Abraham Kuyper disse: “Não há um único centímetro quadrado, em todos os domínios de nossa existência, sobre os quais Cristo, que é soberano sobre tudo, não clame: É meu”! Portanto, se Cristo é Senhor, sua Palavra é verdade inquestionável e crivo para todas as outras. Deus ama sua glória e não a divide com ninguém. Por isso, ele nos ensina, através do apóstolo Paulo, que toda autoridade humana procede dele e deve ser obedecida como se fosse ele o obedecido (Romanos 13). Daniel, o profeta, reconhece também essa verdade: “Ele muda os tempos e as estações; ele remove os reis e estabelece os reis; é ele quem dá a sabedoria aos sábios e o entendimento aos entendidos”, (Daniel 2:21). Isaías, do mesmo modo também o faz: “Assim diz o Senhor ao seu ungido, a Ciro, a quem tomo pela mão direita, para abater nações diante de sua face, e descingir os lombos dos reis; para abrir diante dele as portas, e as portas não se fecharão…”, (Isaías 45:1). No caso de Ciro, Deus o unge rei (o único rei não hebreu ungido por Deus na bíblia) para ser seu instrumento na libertação de Israel do cativeiro babilônico, numa potente e conclusiva demonstração de que toda autoridade procede de sua vontade, atende seus desígnios e manifesta sua glória! Há uma evidente relação entre autoridade e verdade na mente eterna e perfeita de Deus! A Bíblia é autoridade normativa sobre todas as outras verdades porque ela é a autoridade. A Bíblia é a verdade normativa sobre todas as outras porque ela é a autoridade de DeusSe assim é, por que muitos crentes hesitam em ter na Bíblia uma lente a partir da qual ele não só analisa, mas opera no mundo? Por que muitos crentes são fragmentados e não conseguem enxergar que tudo é abrangido pela Palavra de Deus? Por que muitos crentes não conseguem compreender que o cristianismo não é uma explicação para a realidade, mas a própria realidade? Por que muitos crentes confundem o cristianismo com uma ideologia qualquer? Por que muitos crentes se alinham a determinadas ideologias, reduzindo o cristianismo a uma parte da explicação que elas oferecem? Por que muitos crentes contaminam a Bíblia com elementos estranhos a ela, relativizando sua autoridade? Por que muitos crentes depositam suas expectativas de redenção em filosofias, regimes políticos, sistemas econômicos, utopias socialistas ou no mercado, caindo na armadilha da idolatria, que tanto desagrada a Deus? Em dias como os nossos, difíceis e vazios de perspectivas, o fascínio das soluções fáceis é enorme e causa estragos na igreja.
Se por um lado, a igreja tem sucumbido ao deslumbramento das ideologias, que parecem remediar a tíbia teologia que é ensinada por ela, cuja face mais triste tem sido a negação da Cruz em benefício do sonho de uma vida boa na terra, por outro, os crentes muitas vezes têm dado lugar a uma concepção falsa de que a História é movida por conflitos de interesses sociais e econômicos, numa manifesta rendição ao conselho do marxismo ateu e materialista, e não entre eleitos e réprobos, como ensina a Bíblia. Também existem os que preferem se dizer de direita, como se nessa palavra ou definição ideológica residisse toda a esperança de um novo tempo, como se o capitalismo não tivesse suas máculas e pecados, e aquilo que os liberais chamam de “mão invisível do mercado” fosse o novo deus, redentor e arauto de uma nova era! É evidente que posições políticas se aproximam mais da verdade bíblica e se submetem mais à sua autoridade do que outras. Não há como negar, por exemplo, que o marxismo é inimigo da cruz de Cristo, não somente por sua agenda de costumes anti bíblicos, mas por seu princípio materialista. Por isso, não é por nada aconselhável que cristãos se alinhem com essa ideologia e votem em partidos e candidatos de esquerda. Temos que escolher, no caso do Brasil, posições que se aproximem mais da Verdade, ou que se distanciem mesmo, que levem em consideração a defesa de princípios que são fundamentais para nós, como a vida, a família, a igreja, a sexualidade bíblica e outros. De todo modo, ao fim e ao cabo, apenas a Palavra-lei pode trazer a plena justiça, porque é nascida da natureza perfeita e compassiva de Deus. A Igreja deve estar, obrigatoriamente, submetida a Palavra-lei de Deus. O Estado, se justo, deve também ser regido por ela, pelo menos no que se refere ao padrão de excelência moral inerente a esta Lei! Nossa redenção se encontra em Cristo e tão somente nele, o Cristo a quem João Calvino gostava de chamar de o Mediador dado por Deus!

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Escrito pelo nosso colunista: Pastor Davi Peixoto

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