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Não queremos a sua ajuda

O tempo está passando e o paradigma tem persistido. Confesso que é difícil continuar ouvindo pessoas dizerem: “Nós ajudamos tal missionário todo mês”. Pior que isso é ouvir um missionário dizendo: “Tal igreja me ajuda há dois anos”. Mas por que eu disse “continuar ouvindo”? Há quase três décadas, aqui no Brasil, temos ensinado, por onde andamos, o modelo bíblico, ensinado pelo apóstolo Paulo, na carta escrita aos filipenses, em relação à parceria missionárioigreja: “Todavia, fizestes bem, associando-vos na minha tribulação. E sabeis vós, ó filipenses, que no início do evangelho, quando parti da Macedônia, nenhuma igreja se associou comigo, no tocante a dar e receber, senão unicamente vós outros”.

Que princípio está embutido nas palavras do apóstolo? O verbo associar traz consigo uma premissa bem básica: mais de um. Como assim? -você pode me perguntar. Para que haja uma associação, são necessárias, no mínimo, duas partes, podendo ser 10, 100, 1000 ou mais. O que pode ser visto nesse modelo apresentado em Filipenses é que o projeto missionário era um – pregar aos gentios – mas que os envolvidos eram dois – o apóstolo Paulo e a Igreja de Filipos. Ninguém estava ajudando ninguém. Nenhuma igreja “ajuda” nenhum missionário: isso não é bíblico. A igreja tal realiza determinado projeto missionário com o missionário fulano de tal. Ponto. Simples assim. Nada além e nada aquém. Nem o missionário é ajudado e nem a igreja ajuda. O que acontece, para que a Palavra seja pregada aos “gentios” é uma PARCERIA: igreja+missionário, ou missionário+igreja, a ordem não importa.

Preste atenção em alguns termos que vou apresentar: mantenedor, contribuinte, colaborador, doador, sustentador. O que eles têm em comum? Um ponto forte entre esses termos é a sua característica ativa: um mantenedor mantém algo ou alguém; um contribuinte contribui com algo ou com alguém; um colaborador colabora com algo ou com alguém; um doador doa para algo ou para alguém; um sustentador sustenta algo ou alguém. Exatamente por essa razão é que não aprovo termos como esses quando o assunto é missões.

“Mas então (você me perguntaria) qual o termo certo?” Costumamos usar três terminologias que considero mais adequadas e fidedignas, semanticamente falando, ao assunto em questão: parceria, sociedade, associação. Aqui sim encontramos a ideia que Paulo nos quer passar: partes envolvidas em um todo comum, a saber, o cumprimento da tarefa missionária.

Numa parceria, numa sociedade ou numa associação, pessoas e/ou entidades estão unidas em favor de um mesmo fim. Se o missionário fulano de tal foi para o país tal, levar a mensagem de Cristo às pessoas de lá, a igreja tal é parceira, ou sócia, ou associada daquele missionário na referida tarefa. Parece simples? É simples mesmo. Desse jeito. Não vamos complicar.

Nós mesmos e nossas igrejas precisamos apreender esse formato eu disse apreender), salvar esse arquivo no HD da nossa memória e deletarmos arquivos anteriores que não traduzem a essência do que seja a maneira correta de se realizar a obra missionária.

O projeto é um só – levar o Evangelho. Os agentes que propiciarão o cumprimento desse projeto são membros de uma equipe abençoada por Deus, com características únicas e dadas por Ele mesmo: um faz seminário teológico e cursos transculturais, visita várias igrejas, entra num avião e vai embora. Outro entrega, fielmente, sua oferta missionária, a cada mês. Outro faz a contabilidade da igreja. Outro é membro do conselho missionário. Outro ora fervorosamente pelo irmão que está pregando e pelos que estão ouvindo. Outro faz o depósito bancário na conta do missionário. Outro mobiliza a igreja e a mantém informada sobre o andamento do projeto. Outro se prepara durante um tempo, para ir ao campo visitar o missionário. Outro escreve e-mails sinceros e carinhosos e os envia ao missionário. O missionário, por sua vez, mantém todos os seus colegas de equipe bem informados em relação à evolução do projeto. É mais ou menos isso.

Se cada um de nós fizer a sua parte, e se colocar responsavelmente a mercê do Senhor das Missões, ninguém, nunca mais, precisará ajudar ninguém. A não ser, é claro, que uma pessoa tropece do seu lado. Nesse caso, uma ajudinha até que iria muito bem.

Colunista: Mônica Mesquita

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