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Justiça nega pedido de sindicato que culpa crianças por mortes pela covid-19

Contra a volta às aulas em Porto Alegre, entidade fala que alunos vão carregar “a culpa pelo resto da vida”

simpa X retorno às aulas em porto alegre - alunos culpados

Simpa culpa crianças, mas Justiça não vê sentido em anular retorno às aulas | Foto: Reprodução/Twitter

“Não deixe nossos alunos carregarem a culpa pelo resto da vida. Escolas fechadas, vidas preservadas”. Essa é a apocalíptica mensagem disseminada desde o início do mês pelo Sindicato dos Municipários de Porto Alegre. Ação que conta com artes nas redes sociais e outdoors em pontos da cidade. Apesar de culpar crianças por eventuais mortes em decorrência da covid-19 com o retorno às aulas na capital gaúcha, a entidade sofreu nesta semana derrota no Poder Judiciário.

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Na quinta-feira, 22, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS) indeferiu o pedido de liminar movido pelo sindicato. Na ação, o Simpa pedia que os funcionários públicos da área de educação de Porto Alegre, inclusive professores, se mantivessem fora do trabalho presencial. Na prática, a entidade reforçava o desejo de suspensão das aulas na rede municipal. Entretanto, o desembargador Leonel Pires Ohlweiler teve entendimento em sentido contrário.

De acordo com o magistrado responsável por analisar a liminar, a prefeitura de Porto Alegre retomou o cronograma de aulas após cumprir requisitos de enfrentamento à pandemia. “Não veio aos autos nenhuma prova de que o município está obrigando os servidores a retornarem às aulas presenciais antes de atendidos os protocolos sanitários, ou obrigando a retornar a alguma escola específica que não atenda os protocolos sanitários”, escreveu o desembargador em trecho da decisão.

Greve X cronograma

Mesmo antes da decisão do TJ-RS, o Simpa avisou que a categoria estava em “greve sanitária” desde o início da semana. Contra o movimento, o cronograma de volta às aulas da capital gaúcha segue o seguinte:

  • 28 de setembro – alimentação de educação infantil, atividades de apoio e adaptação;
  • 5 de outubro – retorno educação infantil, terceiro ano do ensino médio, educação profissional e educação de jovens e adultos (EJA);
  • 13 de outubro – alimentação em todas as outras escolas, atividades de apoio (fundamental, médio e especial);
  • 19 de outubro – retorno do ensino fundamental 1, especial e EJA (ensino municipal);
  • 3 de novembro – retorno do ensino fundamental 2, especial e restante do ensino médio.

Culpa das crianças?

A ação do Simpa contra o retorno das aulas tem sido alvo das mais variadas críticas. A peça publicitária que joga a culpa nos alunos por futuras mortes pelo novo coronavírus foi definida como “desumana e covarde” pela prefeitura de Porto Alegre. “Explorar a imagem de uma criança para tentar impedir a volta às aulas em nome da defesa de uma categoria é, no mínimo, uma irresponsabilidade”, pontuou o Poder Executivo da cidade em nota divulgada à imprensa no início do mês.

Nas redes, a tentativa de apelo emocional também não escapou. Nesse sentido, a jornalista Cileide Alves reclamou. “Porto Alegre atingiu hoje [5 de outubro] o estágio de bandeira laranja no controle da covid-19 o que permite o retorno às aulas presenciais. O sindicato dos professores é contra e teve a brilhante ideia (ironia) de culpar as crianças por eventuais mortes nestes outdoors de profundo mau gosto”, publicou a comunicadora em seu perfil no Twitter. E ela não foi a única a se posicionar nesse sentido.

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