Caixão com o corpo da juíza da Suprema Corte Ruth Bader Ginsburg chega à Suprema Corte, em Washington DC, na quarta-feira (23) para o velório — Foto: Saul Loeb/AFP
Os Estados Unidos começaram nesta quarta-feira (23) três dias de homenagens na Suprema Corte e no Capitólio para a despedida da juíza progressista Ruth Bader Ginsburg, cuja morte deixou uma vaga na mais alta corte e desencadeou um novo confronto entre democratas e republicanos em plena campanha eleitoral.
Um grupo de 100 funcionários do Poder Judiciário recebeu o caixão da juíza às 9h30 (horário local, 11h30 no Brasil) enfileirados na escadaria e vestidos de preto e com o rosto coberto por máscaras de mesma cor devido à pandemia de coronavírus.
Centenas formam fila para homenagear a juíza da Suprema Corte Ruth Bader Ginsburg, em Washington DC, na quarta-feira (23) — Foto: Win McNamee/Getty Images/AFP
Do outro lado da rua, atrás de uma barreira, centenas de pessoas esperavam para prestar homenagem à magistrada, cujo caixão foi coberto com a bandeira americana.
Na quinta-feira, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, irá ao Supremo Tribunal Federal para homenagear a juíza, informou o secretário de imprensa adjunto, Judd Deere.
Ginsburg, que morreu na sexta-feira aos 87 anos, tornou-se um ícone popular para a esquerda por sua defesa da igualdade jurídica das mulheres. Seu rosto estampa produtos e ela chegou a inspirar um filme de Hollywood.
Mulher usa máscara com rosto da juíza Ruth Bader Ginsburg enquanto aguarda início de homenagem na Suprema Corte, em Washington DC, na quarta-feira (23) — Foto: Andrew Harnik/Pool via Reuters
A magistrada foi colocada na base da Corte onde foi exposto o caixão do presidente americano Abraham Lincoln em 1865.
“Hoje dizemos adeus a uma heroína americana”, disse o rabino Lauren Holtzblatt depois de pronunciar o Kadish, uma curta oração fúnebre, em hebraico.
A pandemia marcará todas as homenagens, que só podem ser acessadas por convite para evitar multidões, num momento em que a covid-19 já fez mais de 200 mil mortos nos Estados Unidos.
Famílias aguardam em fila no velório da juíza da Suprema Corte Ruth Bader Ginsburg, em Washington DC, na quarta-feira (23) — Foto: Shawn Thews/Pool/AFP
Após uma cerimônia privada dentro da Suprema Corte, o caixão de Ginsburg será colocado sob as colunas coríntias da fachada do edifício para que o público possa se despedir.
Desde que sua morte foi anunciada, centenas de pessoas se reuniram espontaneamente nos degraus de mármore da corte para homenageá-la, algumas delas de estados distantes.
O corpo da magistrada será transferido na sexta-feira para o salão de estátuas do Capitólio, em frente à Suprema Corte.
Ginsburg será enterrada na próxima semana em uma cerimônia privada no Cemitério Nacional de Arlington, nos arredores de Washington.
Nomeação vitalícia antes das eleições
A disputa pela vaga – em um momento em que cinco dos nove magistrados do Tribunal são conservadores – desencadeou um confronto entre os republicanos, que defendem que é o atual governo e o Senado controlado pelo partido no poder quem devem indicar o substituto, e os democratas, que defende que a escolha seja feita após a eleição de 3 de novembro.
O vice-presidente dos EUA, Mike Pence, e sua mulher, Karen, prestam homenagem à juíza da Suprema Corte Ruth Bader Ginsburg, em Washington DC, na quarta-feira (23) — Foto: Reuters/Erin Scott
Trump e seu rival democrata, Joe Biden, estão lado a lado nas pesquisas em estados-chave para chegar à Casa Branca.
Trump anunciará a substituição de Ginsburg no sábado, um cargo vitalício para o qual ele contempla várias opções, como a conservadora juíza Bárbara Lagoa, juíza de Miami de origem cubana.
O anúncio vai desencadear uma batalha política que deverá ser carregada de tensão para ganhar a nomeação para o Senado em tempo recorde.
Os democratas, no entanto, não têm como impedir o procedimento, que ancoraria a maioria conservadora na corte em 6 contra 3, mas denunciam um “abuso de poder”.