O governo João Doria (PSDB) anunciou, nesta quarta-feira (12), que vai recomendar a municípios a redução em 30% dos eventos com aglomeração.
No entanto, a decisão ficará a cargo das prefeituras —com exceção dos eventos esportivos, como o Campeonato Paulista de Futebol, nos quais a diminuição do público trata-se de uma determinação.
A gestão tucana citou como exemplos a serem decididos pelas cidades eventos esportivos, musicais, festas e outras atividades que geram aglomeração.
A informação foi dada em coletiva no Palácio dos Bandeirantes, no Morumbi, para anunciar medidas de combate ao coronavírus.
Doria havia indicado no dia anterior que poderia haver restrições. O governador é pré-candidato a presidente da República pelo PSDB, e costuma ser alvo de críticas dos bolsonaristas quando anuncia endurecimento de medidas de isolamento social.
“[A] sugestão para os municípios é que faça redução de 30% na capacidade de público dos eventos, mas deixa em aberto que isso fica a critério do município. Dependendo da situação epidemiológica do município esse percentual pode ser aumentado”, disse o médico João Gabbardo, do comitê científico da gestão estadual.
Além da redução do público, o governo também citou a recomendação de se apresentar certificado vacinal para entrar nos eventos.
Respondendo sobre por que uma recomendação no caso da redução do público, Gabbardo afirmou: “Por que é uma recomendação? Nós entendemos que os municípios têm situações diferentes e enfrentam realidades diferentes. Então nós temos que deixar também para que o município possa legislar de acordo com a sua situação epidemiológica. Nós somos uma régua daquilo que é o mínimo que deve ser feito e as prefeituras podem ampliar essas restrições de acordo com a necessidade”.
O médico afirmou que há crescimento nas internações, mas ainda saindo de patamar menor. “Esse número ainda é um número que sai de uma base muito baixa. Se nós compartamos as pessoas internadas em UTI hoje à nossa capacidade de leitos de UTI significa 13%. Nós teríamos uma ocupação hoje de 13% de todos os leitos de UTI. Recomendações tem que ser proporcionais à situação que estamos vivenciando”, disse.
O tom do governo mudou apenas em relação a eventos esportivos, após questionamento de jornalistas já no período final da entrevista coletiva. Nesse caso, diz Doria, não é recomendação, mas sim uma determinação.
Doria afirmou que ela valerá para o dia 23 de janeiro, com a volta do Campeonato Paulista de Futebol. “Já para o Campeonato Paulista, a Federação Paulista de Futebol foi orientada neste sentido”, disse. “No caso de futebol, compete ao governo do estado. Aí não é uma decisão municipal. O campeonato paulista de futebol ou outras práticas esportivas com público é uma orientação do governo de SP. Portanto, é uma determinação e deverá ser obedecida pelas federações desportivas”, explicou.
Doria disse que as orientações acontecem com base na saúde e na ciência.
Na terça (11), o governador havia dito que haveria novas restrições, mas sem detalhar o assunto. “Vamos ter evidentemente restrições que já foram apresentadas para eventos de aglomerações”, disse. “Grandes aglomerações não são recomendáveis, e o comitê científico do estado de São Paulo já expressou essa deliberação.”
O governo apresentou dados mostrando a aceleração da doença no estado. A média móvel diária de novas internações por semana aumentou 30,1%.
Em um dia, os internados em UTI subiram de 1.727 para 1.824. Os internados em enfermaria subiram de 3.413 para 3.679.
A Prefeitura de São Paulo informou nesta terça que a variante ômicron já responde por 80% das amostras analisadas. De acordo com a Secretaria Municipal da Saúde, das 105 amostras examinadas pelo Instituto Butantan, 20 (19,4%) foram positivas para variante delta e 85 (80,95%) para a nova cepa.