Mesmo estando com o cabelo curto, fora da “doutrina” da igreja, alguns pastores parecem não reprovar quando se trata de uma empresária. |
Me parece contraditório em algumas denominações evangélicas, quando o líder é um defensor ferrenho de suas “doutrinas”, e ele não se comporta com a mesma intolerância diante de empresários, políticos, e pessoas de maior poder aquisitivo. Em seu relacionamento com os irmãos mais humildes (os mais pobres mesmo), alguns líderes parecem irredutíveis. Olham com seriedade, balançam a cabeça para os lados reprovando roupas, cabelos, e perfis que não se enquadram em seus credos. Com eles não há chance alguma de simpatizar com os “crentes mundanos”. Mas se a esposa de um empresário ou político estiver de calça-comprida, cabelo cortado e maquiada, por exemplo, afirmando ser evangélica, não será visto nenhum ar de reprovação por parte deles. Muito pelo contrário, abraços e largos sorrisos serão vistos em suas faces, como se tudo ali estivesse da maneira como eles ensinam.
Será que Deus, que “não faz acepção de pessoas” (Romanos 2:11), trata de modo diferente os ricos dos pobres?! Se há, por parte de alguns pastores, um repúdio tão grande quanto as “vaidades”, que as mulheres maquiadas e com cabelos cortados estão com “espírito de prostituição”, como podem ser tão simpáticos e receptíveis a mulheres com cabelo curto, de calça-comprida e super-maquiadas, (inclusive algumas sobem até no púlpito de suas igrejas), desde que elas tenham elevada posição social? O dinheiro e o status destas pessoas na sociedade as redime do pecado da vaidade?! Com certeza que não, e estes líderes sabem muito bem disso. Então percebemos uma clara hipocrisia e contradição em determinados grupos, que são rigorosos com uns, mas flexíveis com outros, quando há interesses envolvidos.
Ao lermos as Sagradas Escrituras, temos que ter bastante cuidado quanto a aplicação em nossa vida. Se formos seguir ao “pé da letra” os textos, sem respeitar a cultura e a época em que foram escritos, iremos criar um monte de dogmas e heresias, achando que estamos fazendo “a vontade de Deus“. Em razão disso há um número enorme de igrejas e seitas se auto-intitulando “santas” em suas “doutrinas” e se apoiando no que “a bíblia diz”. Não somente o livro de Coríntios, mas todos os livros da Bíblia, que falam de túnicas, mantos, alforjes, cálices, alparcas, pães asmos, etc, são a Palavra de Deus. Na época do apóstolo Paulo, por exemplo, parece que um monte de coisas eram indecentes com relação a mulher, senão vejamos:
Uma das passagens bíblicas usadas para se fazer apologia à pobreza cristã, é a passagem de Jesus e o jovem rico. Diante da pergunta do jovem, sobre o que ele deveria fazer para se salvar, Jesus cita os mandamentos, e também lhe ordena: “Vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres”. (Mateus 19:21) É pecado ser rico? Devemos vender tudo o que temos e dar aos pobres?! Porque Jesus não disse o mesmo para Nicodemos, Zaqueu, e tantos outros?! Com certeza Jesus disse aquilo porque sabia que o jovem era agarrado demais as suas riquezas. Por este motivo o jovem “retirou-se triste”. O seu coração estava nas suas “muitas propriedades” (vers. 22).
Então, se estas passagens tem as suas devidas explicações, porque a mulher cristã deve observar à risca o texto de 1º Coríntios 11, sobre cortar o cabelo?!
A prostituta cultual, para se diferenciar da mulher comum, raspava o seu cabelo, assim, todos que vissem uma mulher com cabelo raspado saberiam de que se tratava de uma prostituta de Afrodite. Esta era uma forma de identificá-las. Ou seja, era vergonhoso para a mulher cortar ou aparar o cabelo, apenas em Corinto, pois poderia ser facilmente confundida com uma prostituta do templo de Afrodite. Por isso, a recomendação da carta de Paulo para as mulheres cristãs não cortarem os seus cabelos.
Pelo que se nota, em nenhum lugar Paulo proíbe cortar um pouco do cabelo ou tê-lo mais curto ou mais comprido. O que ele ensina aos coríntios é: ou tem cabelo ou rapa a cabeça por completo. Mas, não fala de cortar um pouco do cabelo. Afinal, a cobertura poderia ser mais curta ou mais comprida. Se não fosse assim, seria difícil para as mulheres africanas serem puras, no uso do cabelo como véu, cujo cabelo é geralmente, muito curto, e lá tanto as mulheres como os homens tem o cabelo curto.
Daí alguém poderia dizer: “Ah, mas a mulher que tem o cabelo dito ‘ruim’ pode alisar, etc”. Então neste caso a mulher pode ALTERAR A NATUREZA, o que mais estas igrejas condenam?! A única coisa que Paulo recomenda para Corinto é que o cabelo da mulher deve ser, no entanto, mais longo e o cabelo do homem curto.
Mulheres africanas – cabelos curtos. Pode alterar a natureza?! |
Observe o que diz o versículo 13 de 1º Cor. 11:4: “Julgai entre vós mesmos: é próprio que a mulher ore a Deus sem trazer o véu”.
Quem deveria julgar? Eram somente os irmãos de Coríntios, pois a eles foi dirigida esta exortação, e nas outras não havia o problema que existia lá. Nem Jesus e nem outro apóstolo abordou este assunto. Porquê? A Bíblia não diz que as irmãs que cortam o cabelo ficarão fora do reino de Deus. Mas condena a fofoca, a mentira, etc. E estas coisas vemos acontecer demais em muitas igrejas, e quase não é pregado, ou encarado como pecado, tanto quanto ver uma das irmãs cortar o cabelo.
Muitas mulheres tem os cabelos que se arrastam pelos pés, mas não têm respeito pelo marido, vivem em rodinhas de fofocas, falam mal de outros irmãos, da igreja, do pastor, criticam quase tudo que é organizado no templo, mentem para faltar no trabalho, tratam os irmãos com falsidade, e acham que o tamanho do cabelo irá intimidar a Deus de condená-las.
Não são todas as irmãs que agem assim, mas me impressiona o número de cristãs, que mesmo trajando saião, e exibindo um cabelo enorme, são as típicas “crentes cobra criada”. São afiadas em dar respostas, percebem situações à sua volta, e sabem de quase tudo da vida alheia. Algumas chegam a recitar um conhecido ditado: “-Quando fulano vem com o milho, já estou voltando com o fubá”. O apóstolo Paulo, e várias passagens das Escrituras, condenam o “pecado da malícia”. Para estas pessoas, o cristão sincero, que não se junta aos fofoqueiros para saber dos “babados” da igreja, é um bôbo. “Irmãos, não sejais meninos no entendimento, mas sede meninos na malícia, e adultos no entendimento”. (1º Coríntios 14:20)
Em uma ocasião uma mãe dirigiu-se ao gabinete pastoral da igreja para confessar o pecado de prostituição que sua filha cometera, e após relatar o assunto ao pastor, ela disse: “Pastor, eu ainda fico feliz com minha filha pelo menos ela não cortou o cabelo”. Como se o pecado de prostituição não fosse tão grave como emparelhar os cabelos.
Se de um lado existem as mulheres maliciosas, sejamos honestos, em algumas igrejas, quem mais sofre mesmo, com as inúmeras proibições, são as mulheres. Nos púlpitos, os pregadores vociferam pregações proibitivas, acusando de vaidosas e de “Jezabel” aquelas que não andam segundo suas doutrinas. Em muitas ocasiões alguns destes pastores ou pregadores, trajam um terno caríssimo, ostentando uma bela gravata de seda importada (quase sempre presa por um grampo de ouro), sapatos brilhosos, porém exigem simplicidade no trajar das mulheres.
Se você começar a estudar a história de algumas denominações, descobrirá o início de algumas “doutrinas” e proibições, que ainda hoje causam dúvidas e medo no meio evangélico. A maioria das proibições, chamadas por eles de “doutrinas”, foram criadas na data de sua fundação, e são os estatutos internos da igreja. Em algumas denominações o homem não pode ter bigode. Outras não permitem assistir o culto com os pés calçados. E mais uma lista enorme de regras. Se uma igreja foi fundada em 1930, por exemplo, e ela acredita piamente que suas doutrinas são as únicas certas, como fica o povo que viveu antes desta data?! Não havia salvação antes de 1930?!
O que era para trazer ao meio cristão fé, segurança, sabedoria, traz medo, incertezas, debates, escândalos e ainda perde-se de ganhar muitas almas para Jesus, pois ao invés de pregar somente o evangelho, se concentram em jogar indiretas, do tipo “Há irmãs que tem que vigiar com o cabelo”. Pregações carregadas de ódio, preconceitos, que mais afastam do que ‘pescam’ almas para o Reino de Deus. “O que ganha almas sábio é”. (Provérbios 11:30)
Sou pastor, e jamais serei a favor da libertinagem, em que o cristão possa viver fazendo de tudo. O verdadeiro servo de Deus, deve viver em santidade e sinceridade. Se ele prega algo que condena, se defende as doutrinas de sua denominação, faça o mesmo na presença de empresários, políticos, filho do prefeito, esposa do deputado, etc. Não pode ser um hipócrita.
Respeito a todas as igrejas que mantém as suas doutrinas. Tenho muitos amigos pastores destas igrejas e não os ofendo nem desprezo. Até muitos deles admitem que deve se ter um equilíbrio e moderação em muitas proibições. Todavia, na minha opinião, observar tamanho de cabelo como referencial de santidade e regra para entrar no céu, é pregar um “outro evangelho“. (Gálatas 1:8) É ir “além das coisas que estão escritas”. (1º Coríntios 4:6)
“Se alguém ensina alguma doutrina diversa, e não se conforma com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo, é soberbo, e nada sabe”. (1º Timóteo 6:3)
“Não julgueis segundo a aparência, mas sim pela reta justiça”. (João7:24)
“Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros”. (João 13:35)
“Nisto são manifestos os filhos de Deus, e os filhos do Diabo: Quem não pratica a justiça e não ama a seu irmão, não é de Deus“. (1º João 3:10)
(Fontes de pesquisa e alguns textos extraídos: Bíblia Sagrada Almeida Revista e Corrigida; Pr Elias Ribas; Diálogo Aberto e Original por André Francisco; imagens meramente ilustrativas).
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