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Depositório para bebês, uma proposta contra abandono de crianças na Malásia.

Não é um crime colocar um bebê em depositório de bebê (local semelhante à antiga “roda dos rejeitados”, de orfanatos, atualmente sendo adotada na Europa). “Isso se deve ao depositório de bebê ser segura, com a vida do bebê sendo protegida. É um crime abandonar um bebê em local inseguro”, disse Noraini Hashim, administradora da fundação OrphanCare.

Na esperança de que mais pessoas entendam essa diferença, a organização não governamental que administra depositórios para bebês na Malásia pede a criação de mais centros de acolhimento de crianças rejeitadas. Cerca de 53 casos de abandono de bebês ocorreram entre janeiro e junho deste ano, revelou o Ministério da Mulher, Família e Desenvolvimento Comunitário.

Isso significa que cerca de nove bebês foram abandonados por mês neste ano, sendo que a maioria é encontrada morta. De 2015 a junho deste ano, a polícia registrou um total de 652 casos, e o estado de Selangor ficou no topo da lista com o maior número de incidentes (139).

Maioria dos bebês é encontrada morta Do total, 65% dos bebês foram encontrados mortos, disse Supt Siti Kamsiah Hassan, diretora assistente da Divisão de Investigações de Crimes Sexuais, Contra a Mulher e a Criança da Polícia Real Malasiana. “A maioria foi encontrada em toaletes, depósitos de lixo, esgotos e sistemas de drenagem.” “Esses são lugares comuns de abandono, pois não há câmeras de vigilância, por serem menos frequentados pelo público e devido ao acesso fácil”, ele disse ao “The Star”. O abandono de bebês é um problema antigo e complexo. No mês passado, uma estudante de 18 anos, que supostamente atirou seu bebê recém-nascido de um apartamento no 13º andar em George Town,foi indiciada por homicídio, um crime que, em caso de condenação, pode resultar em pena de morte.

Contrários ao depositório afirmam que dispositivo aumentaria abandonos Mas alguns argumentam que a pena é pesada demais, já que muitos casos envolvem jovens que carecem de apoio, educação sexual e consciência. Alguns, como a OrphanCare, acreditam que é hora da criação de mais depositório de bebês, por serem locais seguros para entrega legal dos pequeninos para adoção. Outros, entretanto, acham que isso encorajaria mais abandono de bebês.

Atualmente, a OrphanCare administra três depositórios de bebês na Malásia, enquanto sete outros são operados em colaboração com os hospitais KPJ.

Estrutura tem ar condicionado e câmera 24 horas.

Os depositórios são seguros, possuem ar condicionado e contam com câmeras de vigilância 24 horas em seu interior, que notificam o guarda quando um bebê é deixado neles. A câmera não identifica a mãe. A OrphanCare espera colaborar com o governo para criação de mais depositórios, especialmente em áreas rurais e remotas, disse a diretora de operações, Yuzila Yusof. “Gostaríamos de ter mais depositórios, especialmente em hospitais públicos. Até o momento, não há nenhum em Sabah e Sarawak [estados da Malásia]”, ela apontou. Discordando da visão de que a existência de mais depositórios encorajaria mais abandono de bebês, ela acredita que mais depositórios significaria mais bebês salvo.

“No momento, não há nenhum depositório de bebês em hospitais públicos.” Funcionária da fundação OrphanCare demonstra como os bebês podem ser colocados em segurança na escotilha Imagem: Art Chen/The Star Iniciativa salvou 420 bebês, e muitos voltam para as mães “Estamos sugerindo a exploração da ideia de criação de depositórios em áreas onde ocorrem muitos casos de abandono de bebês”, disse Yuzila. Desde 2010, os depositórios de bebês da OrphanCare salvaram um total de 420 bebês, com 252 sendo adotados, enquanto 155 passaram a ser cuidados por suas mães biológicas. Os 13 restantes foram encaminhados ao Departamento de Bem-Estar Social. Os casos de bebês entregues pessoalmente. Outros 30% dos bebês são colocados nos depositórios por pessoas desconhecidas, enquanto 20% são bebês de garotas grávidas que buscam abrigo na OrphanCare do sétimo mês de gravidez até o parto. Em alguns casos, os bebês sob proteção da OrphanCare acabam deixando o abrigo quando a mãe biológica decide cuidar de seu próprio bebê.

Funcionária da fundação OrphanCare demonstra como os bebês podem ser colocados em segurança na escotilha
Imagem: Art Chen/The Star… –

Mães que abandonam filhos estão em todas as classes sociais A maioria das mães biológicas é estudante, porém também há mulheres casadas que enfrentam problemas domésticos. Elas também variam desde provenientes do grupo de baixa renda até famílias ricas. A maioria, ou 60%, das garotas e mulheres que colocam seus bebês no depositório tem idade entre 24 e 35 anos. Quanto às garotas jovens acusadas de abandono de seus bebês para morrer, Yuzila diz que indiciá-las por homicídio é pesado demais, por não estarem plenamente desenvolvidas para a tomada de boas decisões. “Ela pode carecer de informação, especialmente sobre saúde reprodutiva e as consequências de atos sexuais.”

“E quanto ao pai do bebê?” “Em vez de recorrer a uma ação punitiva, deveria haver uma maior ênfase em tratar das causas para ocorrência dessas gravidezes fora do casamento”, ela disse. Deveria haver mais atividades humanas de prevenção, como educação sexual, para que as jovens tenham consciência da consequência de suas ações, acrescentou Yuzila. “A sociedade também deve fazer sua parte. Nenhuma religião tolera sexo fora do casamento, mas é um pecado ainda maior permitir que um bebê inocente seja submetido a tamanho sofrimento inimaginável em consequência de ser abandonado.” “A polícia também é rápida em indiciar a mãe que abandona seu bebê, mas e quanto ao pai do bebê?”

“É preciso dois para que aconteça e é altamente injusto que a mãe que suportou a vergonha de engravidar fora do casamento, ser rejeitada pela família e pela comunidade, seja indiciada por homicídio”, ela disse.

No projeto, pais adotivos precisam ser casais sem filhos Quanto aos bebês nos depositórios, a OrphanCare recebe uma lista contínua de pais potenciais na esperança de adotá-los. Se gêmeos são colocados no depositório, os pais adotivos devem aceitar ambos os bebês. “Os casais precisam se registrar e atender os critérios, incluindo serem casados há mais de cinco anos e não terem filhos.” “Eles serão entrevistados e seus lares serão inspecionados.” “Eles também precisam receber treinamento, já que pais adotivos são diferentes de pais biológicos”, explicou Yuzila.

“O problema é que a educação sexual é um assunto tabu” Mas a longo prazo, é melhor para os malasianos terem maior conscientização sexual para que os adolescentes saibam tomar melhores decisões para si mesmos. “O problema é que a educação sexual é um assunto tabu. Atualmente com a internet, os jovens podem ter acesso fácil a todo tipo de informação errada. É fácil aprender sobre atos sexuais, mas não aprendem sobre suas consequências.” “Eles não aprendem sobre prevenção e que sexo sem proteção pode resultar em doenças e males sociais”, ela disse. Mas apesar das causas precisarem ser tratadas, os depositórios de bebês não devem ser rejeitados pela sociedade. “Elas precisam ser vistas como uma solução para um problema.” “Elas não se somam ao erro, são na verdade uma forma de ajudar aqueles em apuros”, acrescentou Yuzila.

Fonte: UOL ,Yuen Meikeng Do The Star (Malásia), para o World News Day

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