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Denúncias contra Melhem reforçam erros da Globo; “Ator chegou a mostrar partes íntimas para algumas atrizes”

O estarrecedor detalhamento das denúncias contra Marcius Melhem, ex-diretor do departamento de humor da Globo, publicadas pela revista “Piauí” nesta sexta-feira (4) reforçam o que a coluna e muita gente já desconfiava: faltou transparência na emissora para lidar com o caso. Segundo o texto escrito por João Batista Jr., o ator e roteirista chegou a mostrar o pênis para algumas atrizes e promoveu uma verdadeira perseguição a Dani Calabresa, a quem tentava beijar, agarrar, forçar uma relação e ainda chamava de “gostosa”.

A reportagem, que ouviu 43 pessoas, retrata o processo de encaminhamento do caso dentro da Globo. Em dado momento, alguns dos que procuraram a direção artística para relatar abusos chegaram a ouvir conselho para separar “festinhas” das questões de trabalho. O resultado da investigação do “compliance” nunca foi divulgado. Uma das diretoras chegou a sugerir que Melhem fizesse terapia —praticamente o premiou—, já que, até então, havia apenas um caso noticiado.

É muito curioso que a quantidade de casos possa servir como justificativa para um comportamento inaceitável. Quando o assédio cometido por José Mayer, em 2017, contra a figurinista Su Tonani veio a público, a emissora fez questão de pedir desculpas à profissional publicamente e deixar claro o rompimento do contrato com o ex-galã.

É, no mínimo, estranho que a empresa tenha decidido seguir um caminho oposto no caso de Marcius Melhem e, ao anunciar sua saída, não fazer a mínima menção às acusações que ele sofreu e motivaram grande crise em seus bastidores. E pior: é terrível celebrar seus feitos como se nada tivesse ocorrido.

Mais do que falar do ex-diretor, é preciso enaltecer a coragem de Dani Calabresa, a primeira mulher a denunciá-lo. Embora em situação delicada, já que lidava com o chefe direto, a atriz teve a coragem não só de levar o caso adiante como pediu para deixar o “Zorra”, programa do qual era protagonista.

É muito difícil dar este passo em um ambiente tóxico, em que prevalece o silêncio por medo de represálias. A humorista, no entanto, entendeu que isso era maior que ela. Tanto que mais de uma dezena de outras mulheres decidiu contar que sofreu assédio moral e/ou sexual por parte de Melhem, que segue negando as acusações.

Mais do que ver seu agressor punido, as vítimas necessitam de reparação pública. E mais: precisam da garantia de que esse comportamento não voltará a se repetir no ambiente de trabalho.

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