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Curiosidades de Portugal

Eu estava preparando um artigo sobre as perdas de 2020. Pesadão, sabe? Mas, de repente, enquanto escrevia, invade a minha playlist do Spotify, a fadista Mariza, cantando “gente da minha terra” (https://www.youtube.com/watch?v=S2Ip-uUhaoI ). E pronto, mudou o rumo da prosa…

Comecei a pensar nos portugueses que trabalham pelo mundo à fora e, que nesta época do ano, vêm visitar a família cá, em Portugal. O quanto o Natal e a Páscoa são significativos para essa gente de semblante sério e coração apaixonado. Se você ouviu a música, certamente entendeu. Eu tive a honra de ver Mariza em São Paulo, em 2017, a casa lotada de portugueses, todos choravam ao ouvir essa canção (eu chorei também!).

Mariza – Concerto Mariza 07.12.15 Foto Ricardo Santos/Lux

Então, o primeiro hábito que se percebe nos portugueses é o orgulho por suas origens, a satisfação que possuem de terem descoberto e colonizado a maior nação da América Latina, partindo de uma península europeia e enfrentando o Adamastor até chegar numa terra com um povo exótico e bonito. Mas não só isso, orgulham-se por terem feito que uma parcela do planeta fale a língua de Camões. Portugueses amam falar português. Portugueses amam Portugal. Portugueses falam mal dos políticos, dos impostos, dos jogadores de futebol, mas, para eles, não há lugar melhor que a sua terra.

E o idioma? O emprego dos verbos é um pouco diferente do que no Brasil. O verbo “ter” só se usa para exprimir posse. Ao passo que o verbo haver é usado para expressar algo existe: “há flores no jardim” (“tem flores do jardim”). Caso não tenha entendido, o português dirá “não percebo” (“não entendi”). Registar é registrar.  E o gerúndio, hein? Realmente, aqui usa-se muito pouco gerúndio (dizem que só os alentejanos empregam este tempo verbal). O comum é dizer: estou a cantar, estou a ver, estou a passear, em vez que estou cantando, vendo ou passeando. Já o futuro do pretérito (gostaria, desejaria) é substituído pelo pretérito imperfeito (gostava, desejava), desta forma, é hábito dizer: “eu gostava de conhecer o Brasil” (eu gostaria de conhecer o Brasil).

Mas não são apenas os verbos, há também substantivos desconhecidos pelos brasileiros: frigorífico (geladeira), talho (açougue), chávena (xícara), agrafador (grampeador), descapotável (carro conversível), viatura (carro), parque (estacionamento), peúgas (meias), telemóvel (celular), cueca (calcinha), sandes (sanduíche), paragem (ponto de ônibus), auto carro (ônibus), peão (pedestre), casa de banho (banheiro).

E algumas expressões que levei algum tempo para compreender: “este vinho sabe a rolha” (o vinho está com gosto de rolha), “atar o atacador” (amarrar o cadarço do sapato), “fazer um bico” (praticar sexo oral), “bué” (muito), “porreiro” (gente boa), “estar nas tintas” (não estar nem aí ), “passar pelas brasas” (tirar um cochilo) e a melhor “apanhar uma cadela” (ficar de porre).

Curiosidades:

Não há baratas! Ouvi dizer que na região do Algarve, que é quente, o inseto nojento pode ser encontrado, mas eu nunca tive o desprazer de encontra-lo.

Tem muito cocô de cachorro pelos passeios (calçadas). Sim, infelizmente não é hábito o dono recolher as fezes do animalzinho.

Foto de Roger Brown no Pexels

O consumidor informa à companhia de água, gás ou energia elétrica seu consumo mensal. Uma vez por mês, o morador liga para a fornecedora e informa o número de seu marcador de consumo e a partir desta informação é emitida sua conta de luz, água ou gás. A cada três meses o funcionário da empresa passa pelas residências para fazer a leitura. Caso não seja informado, a fatura será uma média do consumo.

Em muitas estações do metro e de comboios (trens) não há catraca. A educação do português acredita que os usuários têm consciência para validarem seus bilhetes e acederem às plataformas, portanto há os terminais para validação dos bilhetes, mas não há catracas impedindo o acesso. Cuidado, espertinho! Há os picas (fiscais) nas linhas que transitam pelos vagões, verificando se o bilhete foi validado e, caso não tenha sido, o usuário poderá pagar no ato uma multa de até cem vezes o valor da passagem.

Não há lixeiros. Cada morador é responsável por levar seu lixo até o ecoponto (lixo reciclável) e ao contentor de lixo orgânico, que, geralmente são bem próximos, existindo vários por todas as cidades. Em dias determinados, o caminhão passa recolhendo o lixo que, com a ajuda de uma grua esvazia os contentores. Por isso, nunca pare seu carro em frente a um desses pontos.

Os carros param para o pedestre atravessar a passadeira (faixa de pedestres). Confesso que no início não confiava muito em atravessar, entretanto, com o tempo percebi que os automóveis param para as pessoas mesmo.

Foto de Hashim Rogers no Pexels

Os produtos da marca do mercado são bons! Nada de molho de tomate ou leite aguados, os produtos de “marca branca” são tão bons quanto os de marcas consagradas. Inclusive o biscoito Oreo foi plenamente substituído pelo da marca do mercado aqui em casa, vez que é tão gostoso quanto o original e custa a metade do preço.

Existem inúmeras vantagens em se viver em Portugal, o clima é um dos mais quentes da Europa. O país é pequeno e dá para conhece-lo de carro. Há segurança. A saúde é acessível e boa. O custo de vida é muito similar às grandes capitais do Brasil. Enfim, se você quer viver num outro país sem ter muitas dificuldades (idioma, costumes, comida, escola, trabalho), esse lugar é Portugal!

Quem sabem em 2021 eu os encontro por aqui? Feliz Ano Novo!

Foto de Julia Larson no Pexels

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