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Conte renunciará nesta terça para tentar formar novo governo na Itália

ROMA — O primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte, convocou uma reunião do Conselho de Ministros para a manhã desta terça-feira a fim de comunicar sua decisão de renunciar. Em seguida, ele deve visitar o presidente da República, Sergio Mattarella, para oficializar a renúncia. O objetivo de Conte, que já comandou dois diferentes Gabinetes desde 2018, é receber o encargo de formar um terceiro governo, mas para isso terá que conseguir o apoio de um grupo suficiente de parlamentares para substituir os do partido centrista Itália Viva, do ex-premier Matteo Renzi, que deixou a coalizão de governo há pouco mais de duas semanas.

Apesar do voto de confiança que recebeu do Parlamento italiano para continuar governando após perder a maioria absoluta com a saída do Itália Viva, o primeiro-ministro não conseguiu consolidar uma nova maioria suficiente para sair da crise.

Ao longo desta segunda-feira, ele então se convenceu, ajudado pela opinião quase unânime de seus parceiros de coalizão, de que a única solução é a renúncia, para tentar formar um terceiro governo sob seu próprio comando. Caso contrário, na quarta-feira, ele enfrentaria uma votação-chave no Senado que poderia destituí-lo permanentemente do poder e abrir uma crise fora de controle, com o risco de convocação de eleições antecipadas.

— Temos que encontrar uma solução em 48 horas — disse o chanceler Luigi Di Maio, do antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S), no domingo.

Mais cedo, Conte recebeu ligações da maioria de seus aliados, e o pânico começou a se espalhar pelos corredores do Palácio Chigi, a sede do governo italiano, em Roma, com pessoas do entorno do premier falando em “pressão máxima”. Os deputados do Partido Democrático (PD), de centro-esquerda, divulgaram uma nota em que apoiavam a renúncia com o objetivo de forjar “uma maioria mais forte”.

A renúncia de Conte também foi o pedido esquecido de Matteo Renzi, o líder do Itália Viva, no início da crise. A solução seria formar do zero um novo Executivo — o terceiro desde as eleições gerais de 2018.

O problema é que Conte não acredita que, no trânsito entre um governo e outro, não apareça outro nome para substituí-lo. É por isso que ele insistiu em se agarrar à cadeira no Palácio de Chigi. Mas a realidade, na verdade, o beneficia.

Se Conte —  um jurista sem partido que ganhou popularidade nos primeiros meses da pandemia —  ainda é primeiro-ministro agora é porque não há um nome alternativo claro. A hipótese de substituí-lo por Di Maio ou pelo ministro da Cultura, Dario Franceschini, do PD, não é suficientemente madura. Ninguém quer liderar um Executivo que só servirá para chegar a janeiro de 2022, quando o próximo presidente da República for eleito, e conter o avanço da extrema direita até lá. Por então, provavelmente, novas eleições serão convocadas.

— Conte é o ponto de equilíbrio mais avançado —  argumentou na manhã desta segunda-feira o líder do PD, Nicola Zingarettina.

Ele referia-se ao fato de que o o primeiro-ministro é o único capaz de manter unido o volátil Movimento 5 Estrelas — que enfrenta disputas internas — e é, ao mesmo tempo, um nome que não desagrada à centro-esquerda.

O grupo de dissidentes de terceiros partidos que o governo teria conseguido reunir prometendo cargos e participação no Gabinete — nomes saídos do Força Itália, do ex-premier Silvio Berlusconi, e do próprio Itália Viva — quer que a crise seja formalizada com a renúncia para que seu ingresso no governo adquira visibilidade suficiente. Mas Conte exige certas garantias de que será escolhido para chefiar um terceiro governo, algo dfícil se Renzi continuar no meio da disputa.

O ex-prefeito de Florença e ex-premier, profundamente em desacordo com o atual chefe de governo, continua pensando que Conte pode ser facilmente substituído. Se dele depender a formação de um terceiro Executivo, Renzi pressionará para despejar definitivamente Conte e seu entorno de confiança do Palácio Chigi. Alguns parlamentares do Itália Viva, entretanto, prometeram lealdade a Renzi se ele concordar em não levar o país de volta ao caos, caso surja a oportunidade de formar um novo governo ainda dirigido por Conte.

A hipótese de um governo de unidade nacional só está sendo defendida agora pelo Força Itália, de Berlusconi. Sempre de olho em suas empresas, Berlusconi acredita que isso traria mais estabilidade ao país. Mas é difícil. Os demais partidos da oposição (Liga e Irmãos de Itália, ambos de extrema direita) preferem que as eleições sejam convocadas o mais rapidamente possível, como afirmou no domingo o líder da Liga, Matteo Salvini.

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