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Confira as medidas de restrição durante o feriadão de 10 dias no Rio para conter o avanço da Covid-19 – Extra

O estado do Rio de Janeiro terá um “superferiado” de 10 dias a partir da próxima sexta-feira (dia 26) e até o Domingo de Páscoa, dia 4 de abril. Entre as medidas que deverão ser adotadas pelo governo estadual estão as que determinam o fechamento de escolas públicas e particulares ao longo dos dez dias de feriado, assim como de praias, parques e clubes. O comércio, shoppings e os transportes funcionarão com restrições. (Confira as medidas no quadro abaixo).

Numa tensa reunião na manhã de ontem, o governador em exercício do Rio, Cláudio Castro, e o prefeito Eduardo Paes não fecharam acordo sobre a intensidade das restrições sanitárias necessárias para conter o avanço da Covid-19. Contrário a um lockdown, Castro combinou, no sábado, com representantes de vários setores econômicos que o estado terá um feriadão.

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A medida exigirá a criação de três feriados extras, mas as atividades econômicas, em vez de serem suspensas, terão apenas capacidade de público e horários restritos.

O “superferiado” ainda será anunciado e precisa passar pela aprovação da Assembleia Legislativa (Alerj). Fontes ouvidas pela TV Globo apontam que já há apoio dos deputados e que a medida deverá ser aprovada.

Com um decreto já alinhavado com ações bem mais drásticas — além do feriado prolongado, originalmente pensado pela prefeitura, há a proposta de manter abertos apenas serviços essenciais —, Paes saiu do encontro irritado e disposto a se alinhar com Niterói.

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Hoje, ele e o prefeito Axel Grael se encontram, às 14h, para uma coletiva em que divulgarão um plano conjunto para esvaziar a circulação de pessoas nas duas cidades. Mas com um cenário de dificuldades no horizonte, já que o estado não aderiu à ideia mais próxima de um fechamento geral.

Na sexta-feira, Paes e Castro já tinham feito uma reunião, na qual Paes ressaltou “a necessidade de medidas com alcance metropolitano realmente eficazes”. Os dois divergem sobre esse caminho mais radical nas restrições. O prefeito da capital fluminense já vinha se mostrando insatisfeito com a postura de seus pares em outras cidades do estado no combate à pandemia.

Segundo dados do consórcio de veículos de imprensa, foram notificadas mais 114 mortes no Estado do Rio, que contabiliza, ao todo, 35.131 vítimas.

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Capital poderá endurecer suas medidas

A situação de todo o estado é de alerta. Mas o Rio, pressionado por aumento de demanda em hospitais e também por receber pacientes que vêm da Região Metropolitana, sobretudo da Baixada Fluminense, onde algumas cidades têm poucas vagas de terapia intensiva, vive um momento crítico.

Pelas redes sociais, Paes já sinalizou que a situação da rede SUS da capital, sobretudo das UTIs, o faz acreditar que a saída agora é endurecer as restrições, embora ele mesmo viesse se posicionando contrário a isso. Especialistas temem um colapso nas unidades municipais de Saúde, em alguns dias.

Na sexta-feira, na primeira reunião que teve com Castro, ele propôs fechar bares e restaurantes, quiosques, academias de ginástica, salões de beleza, clubes e parques da cidade do Rio, entre outras medidas. Um caminho que também seria seguido por Niterói.

A princípio, com exceção do feriadão, o município do Rio e o estado devem seguir caminhos diferentes. No sábado, Castro convocou uma reunião de emergência com empresários. Dela, saiu um acordo que poderia minimizar os efeitos prejudiciais à economia fluminense. Num vídeo, que gravou na saída do Palácio Guanabara, o presidente da Associação de Supermercados do Estado do Rio de Janeiro (Asserj), Fábio Queiroz, disse que eles, empresários, assim como o governador em exercício são contra o lockdown e apoiam a opção de Castro que permite o funcionamento das atividades comerciais. Procurado, Cláudio Castro não se pronunciou sobre a reunião que teve com os empresários e as conversas com Paes e o prefeito de Niterói, Axel Grael.

As restrições propostas pelo estado e pela prefeitura do Rio

Estado propõe 10 dias de feriado,entre 26 de março e 4 de abril:

  • Escolas públicas e particulares fechadas
  • Praias, parques e clubes também não abrem
  • Fica proibida a permanência em espaços públicos das 23h às 5h
  • Bares e restaurantes funcionam até as 23h, com entrada de clientes até as 21h, capacidade reduzida a 50% e mesas com até quatro pessoas
  • Proibida a venda de bebida alcoólica para pessoas em pé
  • Vetado o fretamento de ônibus intermunicipais e interestaduais, a não ser para transporte de trabalhadores
  • Shoppings abertos de meio-dia às 20h, com 40% da capacidade
  • Comércio funciona de 8h às 17h, e serviços de meio-dia às 20h

    Prefeitura defende 10 dias com funcionamento apenas de serviços essenciais:

  • Escolas e creches fechadas
  • Vetado o atendimento presencial em bares e restaurantes
  • Museus, cinemas e teatros também não abrem
  • O mesmo vale para quiosques, salões e academias e lojas fora de lista de serviços essenciais
  • Fica proibida a permanência em espaços públicos entre 23h e 5h
  • Proibidos o banho de mar e permanência na areia das praias em qualquer horário
  • Eventos de qualquer natureza, como festas e rodas de samba, vetados
  • É permitida a prática individual de atividades físicas em áreas públicas e ambientes abertos. Na areia das praias, fica liberada atividade física individual.

Município tem 93% de UTIs ocupadas

O município do Rio tinha ontem 93% de suas UTIs para Covid-19 ocupadas. Na semana passada, esse percentual variou sempre acima de 90%, mesmo com a abertura de novos leitos, inclusive privados. Na capital, 647 pessoas infectadas pelo coronavírus estavam internadas ontem em vagas para terapia intensiva, um novo recorde já que, no sábado, eram 640. Pelo menos 91 pessoas esperavam na fila por uma vaga. No Estado do Rio, a taxa de ocupação das UTIs era de 86,8%, e das enfermarias, de 68,9%.

Para a infectologista Gulnar Azevedo, da Uerj, sem coordenação e sem atitudes drásticas, como fizeram países quando a pandemia ficou descontrolada, nenhum plano será bem-sucedido.

— Nessa situação em que estamos, com dois mil casos novos por dia, não adianta tentar uma medida aqui, uma medida ali. Agora, só com medidas drásticas. É bom ficar claro que tudo isso é para salvar vidas. As medidas que não são tomadas hoje vão ter impacto nas internações e nos óbitos daqui a 15 dias — disse, acrescentando que não podem ser esquecidas políticas públicas de compensação, como auxílio emergencial para socorrer a população.

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Sabemos que não houve acordo com o governador Cláudio Castro. Qual a principal divergência?

Temos visões diferentes do enfrentamento da pandemia. Venho tentando buscar o consenso desde a última quarta-feira. O governador combinou comigo e com o prefeito de Niterói que buscaríamos esse consenso e só então levaríamos uma única proposta para a sociedade. Não foi o que ele fez: chegou com um pacote pronto, praticamente nos impedindo de ter uma visão distinta.

Desde o início, o senhor foi contra um lockdown, mas sinalizou que a situação do Rio agora é diferente com quase todas as UTIs cheias. É isso mesmo?

Desde o início eu disse que o lockdown ou aumento de restrições na cidade do Rio só se faz em caso de necessidade. Se dependesse de certas opiniões, estaríamos com as praias fechadas e o Rio todo fechado desde janeiro. Quem me norteia é a ciência.

O que o senhor deve anunciar hoje juntamente com o prefeito de Niterói como medidas para as duas cidades?

Só teremos essa resposta após a análise do comitê científico. Eles é que comandam minhas decisões.

Como ficam as praias a partir de hoje?

O decreto do final de semana ainda está em vigor.

O Rio corre algum risco de um colapso em sua rede de saúde?

Claro que sim. Não somos uma ilha. Aumentamos o número de leitos, mas os números são cada dia mais difíceis.

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