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Como a Membresia Formal Faz da Igreja uma Família

“Nós só queremos que as pessoas pensem na igreja como sua família.”

Um tópico que sempre abordo no processo de adesão da nossa igreja é a ideia de membresia formal. Alguns cristãos instintivamente se ressentem de qualquer sugestão de formalidade no processo de adesão. Ter uma aula, entrevista e votação oficial para a adesão faz com que eles sintam que suspeitamos de seu compromisso com a igreja ou que nossa igreja se preocupa mais com o preenchimento dos formulários adequados do que sobre ser uma família.

Todas as igrejas tem um senso de membresia. Cada igreja tem algum tipo de ideia de quem faz parte da congregação e quem não faz. Mas em algumas igrejas a diferença entre a igreja e o mundo fica turvada enquanto em outras essa diferença é definida mais claramente. A vida da igreja pode parecer mais natural e orgânica na igreja sem um processo de adesão formal—mas estas são relações orgânicas de uma comunidade e não de uma família. Comunidades são apenas pessoas que vivem perto umas das outras, mas uma família é uma teia de relacionamentos orgânicos que se desenvolvem dentro de compromissos e papéis definidos. Se desejamos que a igreja seja uma família, necessitamos nos comprometer com um processo de adesão formal.

A Formalidade Traz Clareza

A família é um conjunto orgânico de relacionamentos. A natureza destes relacionamentos está em constante evolução, variando, mudando e crescendo à medida em que um casal se entende melhor e à medida que os filhos crescem e amadurecem. As relações de uma família saudável são definidas pelo amor. As pessoas se relacionam naturalmente entre si—e naturalmente se relacionam de acordo com as estruturas adequadas dentro da família. Normalmente, uma família não passa muito tempo definindo repetidamente quem está dentro e fora—os limites são claros.

Mesmo na família mais acolhedora—aquela cuja mesa de jantar está constantemente recheada de cadeiras extras—todos sabem quem é parte da família e quem não é. Ninguém precisa delinear quem precisa estar lá para reuniões familiares. Você pode brincar sobre adotar o filho do vizinho, mas há uma clara diferença em como você se relaciona com ele se ele fica muito em sua casa ou se você realmente o adotar legalmente.

A família saudável também tem posições claras (poderíamos dizer “ofícios”?) de autoridade. A clareza sobre quem está no comando é saudável para a vida da família. Por mais que alguns pais possam pensar que seus filhos precisam que eles “sejam seus amigos”, nenhuma família prosperará a menos que os pais estejam dispostos a exercer sua autoridade parental. Também é importante que as pessoas saibam quem não tem tal autoridade. Hoje em dia, fico relembrando minha primogênita que ela não é a mãe. Em outras palavras, estou ensinando a ela a natureza de seu relacionamento com seu irmão mais novo—que não é a mesma que eu e sua mãe temos com as pessoas mais jovens do que nós em casa.

Da mesma forma, ter clareza sobre quem faz parte de uma igreja e a quem é confiada autoridade em uma igreja é crucial para sua saúde. Uma congregação saudável e madura provavelmente não precisará gastar tanto tempo definindo estas coisas porque elas já estão claras. Mas onde elas não são claras, definição e esclarecimento são essenciais para uma vida familiar saudável. Estruturas formais são ferramentas importantes para esclarecer estas dinâmicas nas relações da igreja.

As Escrituras nos ordenam a nos submetermos aos nossos pastores (Hb 13.17). Elas nos ensinam que os presbíteros prestarão contas a Deus pelo rebanho no qual Ele os colocou (At 20.28, 1Pe 5.4). As Escrituras nos ensinam que, se um irmão está em pecado impenitente, e não ouvir nem mesmo à igreja, necessitamos discipliná-lo e tirá-lo de nossa comunhão (Mt 18.17, 1Co 5.1-2). A quais relacionamentos se aplicam estes mandamentos? A seu pastor favorito cujo podcast você ouve, ou cujos sermões você assiste no YouTube? A o seu amigo cristão que vive em outra cidade? Obviamente, não. Então a quem?

Lembro-me de quando uma estudante universitária começou a frequentar nossa igreja. Todos os universitários sabiam que ela vinha por estar interessada em um cara. Depois de ter participado por cerca de dois meses, o pastor dos jovens universitários disse a ela que ela precisava começar a servir. Em sua mente, se ela estava ali frequentemente, ela estava comprometida. Mas ela não havia dito que estava comprometida com nossa congregação. Então, estávamos comprometidos com ela? Qual seria a obrigação da igreja para com ela? Qual era a obrigação dela conosco?

A clareza sobre a adesão assinala aqueles com os quais estamos comprometidos. Isso nos impede de ultrapassar os limites com os outros. Ela esclarece sobre quem prestaremos conta ao Senhor.

A Formalidade Aumenta a Intimidade

Além de trazer clareza, a formalidade também aumenta a intimidade relacional. Muitos potenciais membros suspeitam intuitivamente que um processo formal de associação cria distância relacional. Pode parecer estranho, tal como ter um encontro de namoro arranjado por outros—o fato de que alguém lhe disse que acha que vocês deve gostar um do outro faz tudo parecer um pouco forçado.

Mas a formalidade da adesão à igreja não é a formalidade estranha de um primeiro encontro. É a formalidade de se casar em vez de apenas morar juntos.

Mesmo em programas de TV onde os personagens já viveram juntos por várias temporadas, todo mundo sabe que se casar é significativo, comovente e bom para o relacionamento. Casar é bom para aprofundar o relacionamento de um casal precisamente porque o casal assume compromissos explícitos e formais um com o outro. A relação formalmente comprometida (ao fazer uma aliança) fornece uma garantia significativa e concreta de que as partes envolvidas estão lá para o longo prazo.

A formalidade aumenta e melhora a intimidade. Assim como a aliança matrimonial só aumenta a intimidade entre marido e mulher, o claro compromisso formal com uma igreja local fornece um contexto no qual o amor e o cuidado cristão pelos irmãos e irmãs podem melhor florescer.

Estruturas Formais Ajudam Sua Igreja a Se Parecer com Uma Família

Permitam-me mudar as metáforas no final. Estruturas formais dentro da vida da igreja são como ossos. Não é desejável que o corpo todo seja só osso. Mas os ossos são necessários para a saúde e o florescimento do corpo como um todo.

Não devemos confundir as estruturas formais da adesão com a própria adesão. Mas não devemos descartar as estruturas formais como sem importância. Tais estruturas formais, qualquer que seja a forma que sua igreja as implemente, determinarão se é possível saber suficientemente quem pertence à igreja para se beneficiar dela. Elas determinarão se sua igreja se parece com uma família.

Publicado originalmente pelo 9Marks: https://www.9marks.org/article/how-formal-membership-makes-the-church-a-family/

Traduzido por Felipe Barnabé.

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