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Cármen Lúcia e a Amazônia

Desde quando o Exército brasileiro tem de pedir licença à ministra, ou a quem quer que seja, para ir a algum lugar do território nacional?

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A ministra do STF Cármen Lúcia durante o 7º Fórum Liberdade de Imprensa & Democracia | Foto: ANTÔNIO CRUZ/AGÊNCIA BRASIL

J.R. Guzzo (publicado no jornal Gazeta do Povo, em 7 de setembro de 2020)

Os atuais ministros do STF estão numa disputa cada vez mais agitada para ver quem, entre os onze, consegue fazer os piores papéis. Há, é claro, os grandes craques, gente da qualidade de um Gilmar Mendes ou Antônio Toffoli, Edson Fachin ou Luís Roberto Barroso — especialmente esse Barroso, que se esforça todos os dias para ser nomeado guardião supremo da virtude no Brasil e, possivelmente, no resto do mundo. Mas sempre há um lugarzinho para a turma da segunda divisão tentar alguma coisa. É o caso da ministra Cármen Lucia, que andava entregue à pequenez habitual de sua presença na mídia, hoje mais excitada com colegas que falam de “genocídio”, de “dictatorship” etc. É a velha história. Se ninguém está prestando atenção em você, tenha um ataque de nervos; sempre haverá quem pare um pouco para olhar.

O último chilique da ministra foi dar “cinco dias” para o Exército explicar a sua “presença” na Amazônia. Como assim? Desde quando o Exército Brasileiro tem de pedir licença à ministra Cármen, ou a quem quer que seja, para ir a algum lugar do território nacional? Tanto quanto se saiba, as Forças Armadas têm o direito de estar presentes em cada palmo dos 8,5 milhões de metros quadrados deste país. Não podem ir para o Paraguai ou para a Bélgica, mas aqui dentro podem, sim. Ou melhor, têm a obrigação legal de estar presentes — não podem dizer que nesse ou naquele lugar “a gente não vai”. Por que a ministra Cármen não pergunta, então, o que o Exército está fazendo no Paraná? Ou em Pernambuco? Perderam a noção.

Leia também: “O dossiê completo dos gastos do STF”, reportagem publicada na edição n° 15 de Oeste

A maior parte das fronteiras do Brasil com os seus vizinhos fica na Amazônia. Uma das principais funções de um exército, em qualquer lugar do planeta, é vigiar as fronteiras nacionais; se não fizer isso, quem vai fazer em seu lugar? Uma ONG? A PM de Alagoas? Os “capinhas” do STF? O Exército não precisa preencher um formulário em quatro vias para explicar por que mandou o pelotão “X” ou “Y” se deslocar do ponto “A” ao ponto “B” dentro do território brasileiro. Só num lugar como o atual STF, em seu show diário para convencer a si próprio que manda no “governo militar, antidemocrático e fascista” que está aí, daria para encontrar quem acha o contrário.

É, para resumir a ópera, mais uma comprovação da crescente incapacidade do STF em funcionar como uma corte de Justiça de país decente. Para piorar o que já é ruim, o despacho da ministra Cármen foi feito para satisfazer — acredite se quiser — um pedido do Partido Verde, que conta com quatro deputados (4) entre os 513 que formam a Câmara. Pode isso, Arnaldo? Sobra, melancolicamente acima de tudo, a clara sensação de mais uma palhaçada top de linha. Por acaso o Exército Brasileiro vai abandonar a Amazônia para atender ao Partido Verde, ou à doutora Cármen? Não vai. Então chega.

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