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Após conversa com Bolsonaro, Cidadania convida Kajuru a deixar o partido

O Cidadania não deseja mais contar com o senador Jorge Kajuru (GO) em seus quadros. Após uma reunião da Executiva Nacional da legenda nesta segunda-feira, 12, o partido divulgou uma nota assinada pelo presidente nacional da sigla, o ex-deputado Roberto Freire, em que convida o parlamentar a deixar a agremiação. O estopim foi a conversa entre Kajuru e o presidente Jair Bolsonaro, cujo áudio foi divulgado pelo próprio senador. O Cidadania faz oposição ao atual governo.

Mais cedo, como noticiamos, Bolsonaro criticou o vazamento do áudio da conversa com Kajuru. Em conversa com Oeste, o senador rebateu as críticas. “Eu não cometi crime nenhum, na minha opinião. Ouvi promotores, ouvi procuradores. Ninguém disse que eu cometi crime”, afirmou o parlamentar.

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Na nota (leia aqui a íntegra), o Cidadania “reafirma a defesa irrestrita do Estado Democrático, dos valores republicanos e da separação entre os Poderes, especialmente do papel da Suprema Corte como guardiã da Constituição”. “Esses valores são diametralmente opostos aos observados na conversa do senador Jorge Kajuru com o presidente Jair Bolsonaro, em que flagrantemente se discute e se comete um crime de responsabilidade. E, nesse sentido, o partido fará um convite formal, com todo o respeito pelo senador, para que ele procure outra legenda partidária”, diz a resolução.

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No texto, o Cidadania defende a abertura da CPI da Pandemia, mas indica que não apoia a ampliação do escopo das investigações para prefeituras e governos estaduais. “O fato determinado dessa CPI são as ações e omissões do governo federal na pandemia, em especial no agravamento do quadro no Amazonas, em que a falta de oxigênio levou a mortes por asfixia”, diz a legenda. “Há opiniões divergentes quanto à ampliação do escopo da CPI para incluir governadores e prefeitos, uma vez que interessa ao presidente expiar suas culpas jogando-as no colo dos únicos que efetivamente agiram contra o avanço da covid-19 — mesmo constantemente sabotados pelo presidente e por seu ministério. É, no entanto, uma opinião a ser respeitada e debatida, uma vez que alguns chefes de Executivo praticaram atos alinhados com as omissões do presidente.”

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Kajuru também reclamou por não ter sido indicado como um dos membros da CPI, apesar de ter partido dele e do senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) a iniciativa de recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) pela abertura da comissão no Senado. Após essa reivindicação, o ministro Luís Roberto Barroso, do STF, determinou que a Casa deveria instalar a CPI. “O que vai ter é um jogo para tirar alguns senadores da CPI. Eu, inclusive, fui tirado. Não vou fazer parte da CPI. As pessoas sabem que nós somos independentes, não vamos proteger ninguém, não vamos ser revanchistas com ninguém”, disse o senador. “Pelo partido, o Cidadania, eu entendo. O partido só vai ter uma vaga, para a suplência. Eu entendo que o Alessandro merece mais do que eu. Não tem problema nenhum. Eu respeito o Alessandro e sou admirador profundo dele e amigo dele. Eu só acho errado e injusto porque nós dois conseguimos a CPI. Então, nós dois tínhamos de fazer parte dela. Considero uma injustiça.”

Divergências

Esta não foi a primeira divergência entre o Cidadania e Jorge Kajuru. Em nota divulgada no dia 18 de março, o partido se manifestou de forma contrária à iniciativa do senador de apresentar um pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do STF. O texto dizia que a legenda desautorizava “qualquer ação em nome do partido que proponha o impeachment de ministros do STF” e que “atacar o STF é se alinhar às forças reacionárias e obscurantistas que atentam contra as instituições republicanas e contra a própria democracia.”

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Em entrevista a Oeste, publicada em 30 de março, Kajuru minimizou a nota de repúdio do partido. “Ninguém me desautoriza. Quem me desautorizava era só a minha mãe. O partido foi muito educado comigo. O presidente Roberto Freire me ligou, dizendo que respeitava a minha opinião. Que o partido era contra por achar que o presidente [Jair Bolsonaro] vai colocar mais um Kassio Nunes [Marques] no lugar do Alexandre, que não vai adiantar nada… O partido é contra, mas me respeita. Tanto que eu continuo no partido com a mesma liberdade que eu sempre tive. A Executiva Nacional deu a opinião dela. Me desautorizar? Não existe isso.”

Oeste apurou que, caso Kajuru não deixe o Cidadania por iniciativa própria, acolhendo o pedido de se retirar, o partido deverá abrir um processo formal de expulsão. A tendência é que a desfiliação ocorra nas próximas horas.

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