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Após Bolsonaro desafiar governadores e prefeitos, senadores iniciam movimentação para derrubá-lo

Nesta sexta-feira (26) , o presidente Jair Bolsonaro desafiou governadores e prefeitos que investem em medidas restritivas para controlar a pandemia — o famoso “Fique em Casa”.

“Aos políticos do executivo que me criticam, sugiro que façam o que eu faço. O povo não consegue mais ficar em casa. O povo quer trabalhar. Esses que fecham tudo e destroem empregos estão na contramão do que o povo quer. Vá para o meio do povo mesmo depois das eleições” — disse Bolsonaro durante visita ao Ceará.

Essa posição do presidente da República desagradou profundamente senadores — inclusive da base aliada —, que não gostaram da postura do chefe do Poder Executivo Federal e começaram a se movimentar para uma possível abertura de CPI, com o intuito de investigar a conduta do mandatário brasileiro e responsabilizá-lo criminalmente por determinadas atitudes durante a pandemia.

O colunista Guilherme Amado, da revista Época, teve acesso à mensagens de WhatsApp trocadas por alguns congressistas em um grupo que reúne os senadores que compõem o Senado Federal.

Nas mensagens reveladas pelo colunista, senadores de pelo menos 8 partidos se mostraram dispostos a criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) contra Bolsonaro, que pode resultar posteriormente num processo de impeachment.

A movimentação dos congressistas foi iniciada pelo senador Tasso Jereissati, do PSDB do Ceará, que acusou o presidente brasileiro de cometer pelo menos dois crimes contra a Saúde Pública durante visita ao estado nordestino.

Escreveu Jereissati, às 14h27 deste sábado:

“Senadoras e senadores, o presidente Bolsonaro esteve no Ceará, ontem, sexta-feira, quando cometeu pelo menos dois crimes contra a saúde pública, ao promover aglomerações sem proteção e ao convocar a população a não ficar em casa, desafiando a orientação do governo do estado e ainda ameacando o governo de não receber o auxílio emergencial. Desta maneira a instalação da CPI no Senado tornou-se inadiável. Não podemos ficar omissos diante dessas irresponsabilidades que colocam em risco a vida de todos brasileiros” — escreveu Jereissati, às 14h27 deste sábado.

A partir daí, começaram os apoios.

“Toda razão amigo Tasso, o PR (Bolsonaro) afronta os governadores que estão na ponta cuidando da saúde nos estados, cabe ao Senado, a Casa da federação, contestar essa ação equivocada do PR JB, que leva a quebra de protocolos e leva à expansão da doença no país” — escreveu Otto Alencar (BA), do governista PSD, acrescentando: “O PR receitou cloroquina, depois reconheceu que era placebo, muitos usaram. Aqui na Bahia alguns morreram por parada cardíaca, inclusive um médico morreu, Dr Moisés, de Ilhéus, por parada cardíaca”.

“Isto, mestre Tasso. Dói na alma estas coisas. Ainda bem que temos governadores e prefeitos que cumprem seus deveres” — criticou Confúcio Moura, do MDB de Roraima.

“Concordo 100%” — escreveu Alessandro Vieira, do Cidadania do Sergipe.

“Concordo, Tasso” — respondeu a senadora Zenaide Maia, do PROS do Rio Grande do Norte.

“Registrei imediatamente as inconsequentes posturas presidenciais, com o respeito cabível e exigível, ao fazer carreata no dia que se verificara o maior número de óbitos de nacionais” — concordou Veneziano Vital do Rêgo, do MDB da Paraíba.

“Esse negacionismo já passou do limite. O Brasil já ultrapassou os 250 mil mortos e vamos ter lamentavelmente próximos dias muito graves em mortes e colapso da rede pública em vários estados” — criticou Eduardo Braga, do MDB do Amazonas.

“Concordo e apoio a iniciativa do senador Tasso! Nosso PR tem tido um comportamento totalmente errado em relação a como cuidar dos brasileiros no que diz respeito à pandemia. Desde o início, tudo errado. Não é razoável que depois de tudo o que aconteceu no mundo ele continue nagacionista” — escreveu Oriovisto Guimarães, senador pelo Podemos do Paraná.

“Um depoimento que contrapõe a insensatez e dureza de coração de muitos” — comentou Mecias de Jesus, líder do Republicanos e eleitor por Roraima, em cima de um vídeo em que o secretário de Saúde de Rondônia critica as aglomerações e faz um apelo pela conscientização.

“Concordo com Tasso Jereissati. Agora mais do que nunca sobejam razões para instalar a CPI” — escreveu Randolfe Rodrigues, da Rede do Amapá.

“Uma grande verdade, Tasso! Está na hora” — concordou Eliziane Gama, do Cidadania do Maranhão.

“Concordo plenamente. Não há outro caminho” — acompanhou Humberto Costa, do PT de Pernambuco.

“Concordo 100% (II). Aqui em Natal, há ‘discípulos’ até hoje: o prefeito” — escreveu Jean Paul Prates, do MDB do Rio Grande do Norte, compartilhando um vídeo em que o prefeito de Natal, Álvaro Costa Dias (PSDB), recomenda o uso de ivermectina, medicamento sem comprovação científica para o combate à Covid-19.

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