sábado, abril 20Notícias Importantes
Shadow

A Dor Não Terá A Última Palavra

A dor tem tido um impacto forte sobre mim; física, emocional e mentalmente. O dano nem sempre é visível em meu rosto ou em minhas palavras, mas está sempre presente, me tentando a ver tudo através da lente de um coração dolorido e um espírito fatigado.

Ninguém passa incólume pela vida. De alguma maneira, todos nós vivenciamos a desolação e a fragilidade deste mundo. Caso enfrentemos desapontamentos diários, ou um corpo envelhecido, ou uma doença que altera a vida, ou abuso, ou relacionamentos rompidos, ou perda, a dor que sentimos se entrelaça no tecido de nossas vidas. Isso nos transforma, às vezes nos deixando com cicatrizes ou mancos.

Cicatrizes Invisíveis

Eu sei bem demais que o sofrimento deixa cicatrizes. Algumas são visíveis, enquanto outras estão encobertas no fundo do meu ser. Múltiplas cicatrizes no meu tornozelo me fazem recordar que não posso mais fisicamente fazer muito do que eu costumava amar. Outra cicatriz ficará do cateter PICC colocado em meu braço para tratar minha doença crônica. Mas são as cicatrizes profundas, aquelas que ninguém pode ver, que mais ameaçam minha esperança e alegria.

Sou uma mulher com cicatrizes de várias formas de abuso e me esforço para não ver todos os relacionamentos com um olhar desconfiado. Sou uma mãe que carrega as cicatrizes de ter passado sem saber, sua própria doença para cada um dos seus quatro filhos. E sou um ser humano caído que carrega cicatrizes de minhas próprias escolhas pecaminosas.

Mas para cada um dos filhos de Deus, o pecado, a dor e as cicatrizes não terão a última palavra. Pela graça de Deus, elas podem se tornar evidências abençoadas do que Cristo redimiu e redimirá, através das cicatrizes que Ele recebeu por nós na cruz (Isaías 53.5).

Trazendo Vida de Nossas Feridas Mais Profundas

Ao carregarmos as cicatrizes da desolação deste mundo, revestidos da esperança da salvação por meio de Jesus Cristo, entenderemos e creremos mais profundamente nestas palavras de Paulo:

Por isso, não desanimamos; pelo contrário, mesmo que o nosso homem exterior se corrompa, contudo, o nosso homem interior se renova de dia em dia. Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória, acima de toda comparação, não atentando nós nas coisas que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se não veem são eternas. (2 Coríntios 4.16-18)

Nosso sofrimento e cicatrizes não são apenas temporários. Também nos preparam para algo maior. Algo eterno. Algo inimaginável.

Mas como não desfalecer quando a dor abala nossos alicerces e elimina tudo aquilo no qual tínhamos esperança neste mundo? Fazemos isso nos ancorando no alicerce sólido da fidelidade de Deus (ao invés da nossa própria capacidade e compreensão), confiando que Ele trará vida nova até mesmo de nossas feridas mais profundas. Necessitamos aprender a ver nossas cicatrizes através das cicatrizes de Cristo e nossa dor temporária (por mais que pareça eterna) através da promessa da glória eterna que Deus está a preparar para nós.

Testemunhas Ambulantes

A dor e as cicatrizes deixadas por ela, podem não desaparecer durante nossa vida aqui mas o crescimento e a maturidade que advêm do trabalho de cura de Cristo em nossas vidas, começarão a ampliar Seu valor e a aumentar nossa expectativa pela cura eterna que está por vir. Tornamo-nos testemunhas ambulantes de uma esperança inabalável, uma esperança que é maior do que este mundo tem para oferecer e maior do que este mundo pode retirar de nós.

Um dia, as cicatrizes não mais existirão, mentes e corpos danificados serão retificados, a batalha interna contra o pecado cessará e nossa fé finalmente se tornará em realidade visível, na presença do nosso Salvador.

Quando a dor em sua vida for mais do que possa suportar, e as cicatrizes que você carrega pareçam grandes demais para curar, lute contra a mentira do inimigo com a verdade do poder de cura de Cristo, tanto no presente como no porvir. Contemple com seus olhos nosso Salvador fiel, Aquele que amou a você e a mim o suficiente para receber suas próprias cicatrizes a fim de curar nossas cicatrizes. Como John Piper escreve em seu poema sobre Jó,

O que perdemos Deus restaurará,
Quando ele tiver terminado sua arte,
A adoração silenciosa do nosso coração.
Quando Deus cria uma quietude humilde,
E faz do Leviathan seu pincel,
Não demorará até a vara,
Tornar-se o beijo suave de Deus.

Uma Voz Mais Forte

O inimigo nos zoa em nossa dor, dizendo que jamais nos livraremos dela. Dizendo que devemos nos concentrar em tudo o que há para temer. Que devemos nos atolar na culpa e auto-piedade. Que devemos ceder à desesperança que nos assola. Pois ele roubou tudo o que era bom, o que era lindo, e aquilo pelo qual valia a pena lutar.

Mas nosso Salvador diz: “Não temas, meu filho, porque és meu. Comprei-o por preço e não te deixarei. Embora a dor venha, ela não terá a vitória, pois venci o pecado e a morte. Redimirei tua vida, pois os que se refugiam em mim não serão condenados. Embora tenha permitido esta dor, ela não terá a última palavra. Sustentarte-ei nesta dor e te mostrarei os tesouros que guardei para ti ao longo do caminho. Não desfaleça, a minha graça te basta.

“O inimigo é um mentiroso, mas eu te digo a verdade: comecei em ti uma boa obra e vou conclui-la no dia de Cristo Jesus (Filipenses 1:6). Minha força é maior do que tua dor, meu amor firme descarta todo o medo, e minha esperança é maior que tuas perdas. Eleve os olhos, filho cansado, e descanse em meus braços fortes.”

Publicado originalmente em DesiringGod.org.

Traduzido por Thaisa Marques

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

× Como posso te ajudar?